O governo está confortável com a recente desvalorização do real e vai seguir combatendo especulações com a moeda brasileira, disse nesta sexta-feira o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland.
"Estamos bem confortáveis com a desvalorização atual do câmbio. Estamos focados em dissolver o interesse de 'carry trade' na moeda brasileira", afirmou Holland em evento em São Paulo.
Nas últimas 12 sessões, o dólar subiu em 11, acumulando no período valorização de 9,01 por cento, devido principalmente à forte aversão a risco pela crise de dívida na zona do euro que tem alvejado os mercados financeiros nas últimas semanas.
O secretário disse que a economia brasileira está mais preparada para enfrentar a atual turbulência, principalmente pelo robusto mercado consumidor doméstico. Ele também ressaltou que o país não corre risco de sofrer com uma bolha de crédito.
"Não há absolutamente qualquer sinal de evolução de uma bolha de crédito. As medidas macroprudenciais cumpriram com muita qualidade a função de minimizar a alavancagem de balanços."
Sobre inflação, o secretário afirmou que, também por efeitos estatísticos, a taxa em 12 meses deve começar a cair a partir deste mês. "O mercado superestima a inflação", comentou, acrescentando que os preços não devem sofrer impacto da recente alta do dólar.
Entre agosto de 2010 e o mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) --medida oficial da inflação no Brasil-- acumulou alta de 7,23 por cento, acima do teto da meta definida pelo governo, que tem centro em 4,5 por cento e tolerância de dois pontos percentuais.
EUA preocupam mais
Holland destacou o cenário de fraqueza na economia mundial, afirmando que, apesar dos problemas de dívida vividos pela Europa, um impacto mais forte sobre o Brasil passaria por uma piora mais acentuada na economia norte-americana.
"Os Estados Unidos são a economia 'benchmark', (tem um) mercado de títulos 'benchmark', de câmbio, de juros... por isso os problemas lá afetariam o Brasil", explicou.
Para o secretário, a recuperação norte-americana passa necessariamente pela retomada do mercado de trabalho, o que deveria vir através de estímulos fiscais, e não monetários.
"A saída americana não é monetária, é fiscal. A dívida dos Estados Unidos é altamente financiável. Teria que haver política de emprego na veia com um grande gasto fiscal."
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