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Edson Campagnolo, presidente da Fiep, ouve o ministro dos Transportes, César Borges | Divulgação/Fiep
Edson Campagnolo, presidente da Fiep, ouve o ministro dos Transportes, César Borges| Foto: Divulgação/Fiep

O ministro dos Transportes, César Borges, disse nesta quinta-feira (29) em Curitiba que o governo vai acompanhar atentamente a fusão da América Latina Logística (ALL) com a Rumo, do grupo Cosan, para garantir que a nova empresa possa atender todos os segmentos de mercado. Segundo ele, o objetivo da união das empresas tem que ser "ganhar no volume e não no preço".

De acordo com o ministro, o governo, precisa reforçar a fiscalização por meio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que não permitirá que a nova empresa imponha preços abusivos ou restrições a clientes. Borges também disse que o governo pretende negociar com a concessionária para ceder o direito de passagem na sua malha para operadores independentes, medida que já está prevista no novo modelo de concessão do setor.

Segundo o ministro, a ALL não atende bem o mercado brasileiro, com pouco investimento e preços elevados. "Há uma preocupação com o lucro e não com os investimentos na manutenção da malha", afirma. A fusão entre a ALL e a Rumo teve o apoio do governo. De acordo com Borges, obras que estavam paradas, como a duplicação de Santos até Campinas e da cidade até Araraquara e Estrela d´Oeste devem deslanchar após o negócio.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, a fusão, que aguarda análise do Cade, ainda gera apreensão no setor industrial e agrícola do estado. "Já tínhamos uma condição ruim de preços com a ALL. Agora, com a Cosan, não sabemos como isso vai se comportar. Trata-se do maior grupo mundial de açúcar, que é concorrente dos produtores de açúcar do Paraná", acrescenta o presidente da Associação dos Produtores de Alcool e de Açúcar do Paraná (Alcopar), Miguel Rubens Tranin.

Segundo Tranin, em período de safra de grãos, entre março a abril, o preço do frete ferroviário da ALL, que geralmente chega a ser 30% mais barato, chega a se equiparar ao do rodoviário. O Paraná produz 3 milhões de toneladas de açúcar por ano e 90% desse volume é exportado. "Mas apenas 1,8 milhão de toneladas são movimentadas pelas ferrovias", diz. Tranin defende que a criação de um conselho de clientes da ferrovia.

Após a análise do Cade, a fusão tem que ser submetida à ANTT, que poderá exigir contrapartidas do novo acionista majoritário. Ontem, representantes de entidades empresariais reunidas na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) entregaram ao ministro um pedido de inclusão de obras como condição para a aprovação da fusão. Entre elas estão investimentos para modernização do trecho ferroviário entre Guarapuava e Ponta Grossa, reativação e modernização do trecho entre Maringá e Cianorte com extensão para Campo Mourão da malha existente e melhoria da estrutura da ferrovia no trecho da Serra do Mar.

Ministério deve lançar PMI para ferrovia no dia 10

Ao fazer um balanço da atuação do governo federal no setor rodoviário e ferroviário, o ministro dos Transportes, César Borges, também disse que espera lançar no próximo dia 10 o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para os leilões de ferrovias no país. Nos PMIS, grupos privados formalizam seu interesse em propor estudos, projetos e soluções para estruturação futura de um projeto de concessão.

Segundo ele, a expectativa é lançar PMIS de todos os trechos até o fim do ano. Borges disse que a ferrovia ligando Maracajú a Paranaguá não está incluída nessa primeira leva, mas que até poderá ser se houver manifestação de interesse. "A questão mais complexa, do ponto de vista da engenharia, é o trecho de serra", lembra. A obra é estimada em R$ 9,87 bilhões.

Durante o encontro, empresários também mostraram as principais reivindicações do setor produtivo dentro do âmbito do Fórum Permanente Futuro 10. As discussões envolveram a passagem da BR 101 e da ferrovia Norte-Sul pelo Paraná e o contorno ferroviário em Curitiba.

A intenção é incluir as obras - como a BR 101 e o contorno ferroviário - no PAC 3, segundo a senadora Gleisi Hoffmann (PT), que estava na reunião. Mas antes disso terá que haver uma discussão para definir quais obras são prioritárias para agilizar a elaboração de projetos.

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