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A proposta de reajuste do mínimo regional do governo do estado é ousada. Pelo segundo ano seguido, o piso paranaense subiria mais do que o nacional para a maioria das categorias. Pelo projeto que será levado à Assembleia Legislativa, o salário, que tinha seis faixas, passaria a ter quatro, sendo que a de menor valor, aplicada para trabalhadores agrícolas, subiria 9,5%, de R$ 605 para R$ 663, cer­ca de R$ 150 mais do que o piso nacional. A segunda faixa unificaria as categorias do setor de serviços, incluindo empregados domésticos, e passaria para R$ 688,50 – valor até 12,8% acima do atual. O terceiro grupo, de trabalhadores da indústria, subiria 14%, para R$ 714. O maior aumento seria para os técnicos, reunidos na quarta faixa, que seria elevada em 21,5%, para R$ 765.

Para chegar a esses porcentuais, o governo levou em conta os valores médios dos salários de entrada das categorias englobadas pelo mínimo. O reajuste para os técnicos, por exemplo, é justificado pelo fato de a média estadual ser de R$ 922. Na avaliação do economista Eron Maranho, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a correção não será inflacionária porque os valores acompanham a média do mercado. "O número de trabalhadores atingidos também é limitado, cerca de 300 mil. O pagamento não é obrigatório quando há uma convenção coletiva da categoria", explica Maranho.

O economista Sandro Silva, do Dieese, um órgão de pesquisas ligado a sindicatos, também refuta a possibilidade de a alta no piso causar desemprego. "Até a crise, o Paraná vinha batendo recordes na criação de empregos", diz. "A política de valorização do mínimo está apenas repondo as perdas do passado. Nos últimos 30 anos a economia brasileira ficou muito mais produtiva e isso não se reverteu em ganhos salariais." Silva também chama a atenção para outro efeito: o mínimo serve de parâmetro para as convenções coletivas.

Negociações

Quando foram discutir o reajuste salarial de 2006, os trabalhadores do setor da panificação conseguiram um salto em sua remuneração. "Em Curitiba e Cascavel tivemos ganhos por dois anos seguidos para alcançar o mínimo regional", lembra Ernane Garcia Ferreira, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIAP). Neste ano, o argumento do mínimo está sobre a mesa do setor frigorífico. "Se o reajuste ficar muito baixo, podemos ficar sem convenção coletiva em algumas regiões e acionar as empresas para pagar o mínimo", explica Ferreira.

Esse efeito é o mais temido pelas empresas. "O segmento da madeira, por exemplo, já deu um reajuste alto no ano passado. O setor está com problemas, com a exportação em baixa. Vai ter muita dificuldade em negociar", diz Amilton Stival, coordenador do Conselho Temático de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). "Não somos contra o piso, mas é preciso levar em conta as condições de mercado", completa.

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