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Autossuficiência

Meta é a independência

O problema da dependência brasileira de fertilizantes importados saiu da gaveta na safra 2008/09, quando o mundo previa aumento contínuo no consumo e a ordem era aumentar a produção de alimentos. As indústrias dobraram os preços de alguns insumos e os produtores ficaram de mãos atadas. O Ministério da Agricultura concluiu que, para amenizar o problema, seria necessário fabricar ou, pelo menos, reduzir a concentração de negócios, hoje dominados por três empresas. No Paraná, as cooperativas tentam estruturar um consórcio para importação de insumos, como já ocorre em Santa Catarina e Mato Grosso. Em âmbito nacional, a surpresa foi a constatação de que o Brasil pode, sim, ser autosuficiente em fertilizantes industriais. Citando jazidas das regiões Norte e Nordeste, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, chegou a estabelecer prazo – dez anos – para que o país dê conta de seu consumo. Será necessário produzir 22 milhões de toneladas de fertilizantes ao ano. Atualmente, as importações representam 51% do fósforo, 75% do nitrogênio e 91% do potássio consumidos na produção agrícola. Entre as primeiras ações, o governo retoma a reserva de potássio de Nova Olinda do Norte (AM) concedida à canadense Falcon. A procura por fosfato (combinado com fósforo) se concentra nos estados do Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Santa Catarina e São Paulo. No caso do nitrogênio (derivados de gás natural), a tarefa deve envolver a Petrobras.

José Rocher

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou ontem que o governo estuda a hipótese de criar uma nova estatal para atuar na produção de fertilizantes. "Seria uma empresa para atuar tanto nas matérias-primas, como no produto final", disse. Lobão quer entregar em março, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um novo modelo de produção mineral no país, que incluirá novas regras para os fertilizantes. Os ministérios de Minas e Energia e da Agricultura querem com isso garantir que o Brasil obtenha autossuficiência na produção de fertilizantes.O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defendeu que a estatal para tratar do segmento seja "pequena, simples e enxuta". De acordo com ele, há necessidade de haver uma gerenciadora dos fertilizantes, mas não é questão fundamental a criação de uma nova empresa subordinada ao governo. "Podemos atribuir essa tarefa a uma estrutura já existente", comentou.

Ele ressaltou que os custos com fertilizantes representam de 10% a 30% dos gastos totais de produção, dependendo da área do país e levando-se em consideração a logística disponível para o transporte do material. Stephanes ponderou, porém, que a autossuficiência brasileira se dará apenas em um prazo de 6 a 10 anos.

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