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Conselhão
Nova composição do “Conselhão” tem 246 integrantes e vai discutir temas ligados ao crescimento econômico com sustentabilidade.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relançou, na manhã desta quinta (4), o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), também conhecido como “Conselhão”, com o objetivo de auxiliar o presidente na elaboração de políticas públicas para o crescimento econômico e desenvolvimento social.

O colegiado é formado por 246 integrantes entre representantes de entidades sindicais, movimentos sociais e indígenas, membros do agronegócio e do setor financeiro, empresários, entre outros.

Originalmente, o Conselhão tinha 90 integrantes quando foi criado em 2003, foi ampliado para 92 durante a gestão de Dilma Rousseff (PT), mantido por Michel Temer (MDB) e não ser mais convocado no governo seguinte.

Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais e coordenador do colegiado, diz que os integrantes desta nova fase terão a tarefa de traçar estratégias e políticas públicas que contemplem crescimento econômico com sustentabilidade, uma promessa de campanha do presidente.

“O novo Conselhão tem forte ênfase na inovação, além de trazer para o centro do debate a preocupação com a sustentabilidade, de modo transversal, e a diversidade nacional, com representantes dos mais variados setores”, disse.

A fala foi completada por Lula pouco depois, que ressaltou a importância do crescimento econômico aliado às políticas ambientais – principalmente no agronegócio. O presidente reconheceu, ainda, a diferença de pensamento dos integrantes, citando que todos vão sentar juntos “com pessoas que pensam diferente ideologicamente, economicamente e sobre tantas outras coisas”.

Entre os membros do novo Conselhão estão o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco; a empresária Luiza Helena Trajano, da varejista Magazine Luiza; o líder indígena Kléber Karipuna; a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Juvandia Moreira, entre outros. “Vocês vão ter que discutir coisas que nunca foram discutidas”, disse o presidente em temas como economia, desenvolvimento social, industrialização, entre outros.

Críticas à taxa de juros

Durante o discurso, alternado entre uma parte previamente escrita e momentos de improviso, Lula afirmou que o Conselhão pode “até” discutir a taxa de juros do país. Foi um recado direto ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, um dia depois do Conselho de Política Monetária (Copom) manter a Selic a 13,75%.

“Todo mundo sabe que esse conselho pode até discutir a taxa de juros se quiser. É engraçado o que se pensa nesse país: todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a Fecomércio (Federação Nacional do Comércio), as industrias têxteis, todo mundo tem que ter cuidado, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, disparou.

Um pouco antes, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, havia engrossado o discurso crítico ao Banco Central, afirmando que “é impossível” elaborar políticas públicas de investimento adequadas com a atual taxa de juros. A opinião também foi compartilhada por Rubens Ometto, presidente dos conselhos de administração das empresas Cosan, Compass, Rumo e Raízen.

No entanto, a reclamação não foi unânime e foi criticada por Luiz Carlos Trabuco. O presidente do conselho de administração do Bradesco reconheceu que o custo de capital “é elevadíssimo, chega a ser proibitivo”, influenciado pela taxa de juros.

No entanto, disse que não é possível “ficar presos a preconceitos na politica fiscal ou monetária. Apelamos por uma visão flexível, pedimos paciência para os críticos e observadores em relação às nossas políticas fiscal e monetária”, completou.

A partir da próxima semana, o coordenador do conselho vai criar grupos temáticos de trabalho para discutir temas específicos de cada área. As reuniões efetivas ocorrerão logo depois, mas ainda sem uma data oficial divulgada.

As deliberações e novos projetos do Conselhão, no entanto, não entram em vigor assim que apresentadas ao presidente. São elaborados projetos de lei enviados pelo Executivo ao Legislativo para análise, modificação e aprovação antes de serem efetivados.

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