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“Não é um abandono do ajuste fiscal, uma licença para gastar”, afirmou o ministro Joaquim Levy sobre a mudança na meta | Fernando Bizerra Jr./EFE
“Não é um abandono do ajuste fiscal, uma licença para gastar”, afirmou o ministro Joaquim Levy sobre a mudança na meta| Foto: Fernando Bizerra Jr./EFE

O governo reduziu a R$ 8,747 bilhões a meta de superávit primário de 2015, o equivalente a 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Relatório de Receitas e Despesas elaborado pelos Ministérios do Planejamento e da Fazenda e divulgado no fim da tarde desta quarta-feira (22). A meta anterior estava fixada em R$ 66,3 bilhões – correspondente a 1,1% do PIB.

Esse patamar, no entanto, pode chegar a um deficit de R$ 17,7 bilhões caso haja frustração de receitas com medidas para a recuperação de débitos tributários e repatriação de recursos e também com novas concessões.

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Mesmo com a forte redução da meta, o governo anunciou ainda um corte adicional nas despesas orçamentárias de R$ 8,6 bilhões. Em maio, já havia sido promovido um bloqueio de R$ 70 bilhões.

A projeção do governo é que, com a nova meta, a dívida pública só comece a se estabilizar em 2017. Para este ano, a estimativa é que a dívida bruta fique em 64,7% do PIB e aumente para 66,4 % do PIB em 2016.

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“Não é um abandono do ajuste fiscal, uma licença para gastar. Apesar de estarmos reavaliando a meta, nosso compromisso é continuar garantindo a disciplina fiscal, até pela necessidade de estarmos atentos à dinâmica da dívida pública”, afirmou o ministro da Fazenda Joaquim Levy em entrevista.

Ele defende que o governo faça a maior meta fiscal possível, podendo até superar o valor de 0,15%. “Tem muita chance de conseguirmos”, afirmou. “Essa não era minha meta preferida e nem de nenhum de nós, o objetivo é trabalhar para superar a meta.”

O governo também anunciou redução da meta fiscal de 2016 e 2017 para, respectivamente, 0,7% e 1,3% do PIB. O objetivo anterior para cada um dos próximos dois anos era de 2% do PIB, porcentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.

As mudanças nas metas de superávit de 2015 e 2016 dependem de aprovação do Congresso Nacional.

Arrecadação

A previsão de receitas do governo federal para 2015 caiu R$ 46,391 bilhões, de acordo com o Relatório de Receitas e Despesas. Com a redução, o governo estima que vai arrecadar R$ 1,325 trilhão em 2015.

No relatório, o governo aumentou em R$ 292 milhões a previsão de transferências a Estados e municípios neste ano. A projeção é que esses repasses somem R$ 213,726 bilhões. Já a previsão de despesas obrigatórias subiu R$ 11,364 bilhões, somando R$ 871,960 bilhões neste ano.

A previsão de ingresso de recursos no caixa do governo federal com concessões subiu de R$ 18,078 bilhões para R$ 18,251 bilhões.

A previsão de arrecadação com operações de ativos caiu de R$ 7,5 bilhões para R$ 3 bilhões. A estimativa de receitas com dividendos pagos pelas empresas estatais subiu de R$ 15,5 bilhões para R$ 17,042 bilhões.

Queda do PIB

O governo revisou mais uma vez para baixo a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. A expectativa agora é de que o PIB encerre o ano com retração de 1,49%, conforme o Relatório de Receitas e Despesas apresentado nesta quarta.

No último documento, apresentado em maio, o governo já havia revisto a previsão do PIB de -0,9% para -1,2%. A nova projeção está em linha com as previsões de mercado. De acordo com boletim Focus desta semana, a expectativa para a retração do PIB está em 1,7%.

Outro parâmetro atualizado no relatório foi a previsão do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de uma alta 8,26% para 9% em 2015. No boletim Focus divulgado na segunda-feira (20) o mercado esperava uma elevação de 9,15%.

Com relação ao câmbio, o governo agora prevê que a taxa média do dólar em 2015 fique em R$ 3,07, contra R$ 3,08 apontados no último relatório. A previsão do Focus trazia nesta semana a previsão de R$ 3,09.

Déficit na Previdência

O governo elevou em R$ 16,094 bilhões a previsão de déficit da Previdência Social em 2015, para R$ 88,886 bilhões. A estimativa anterior era de R$ 72,79 bilhões.

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A previsão de despesas com o pagamento de benefícios subiu de R$ 437,47 bilhões para R$ 438,850 bilhões. Já a estimativa de arrecadação das contribuições previdenciárias caiu de R$ 364,68 bilhões para R$ 349,964 bilhões.

Ainda de acordo com relatório de avaliação de despesas e receitas, a previsão de despesas com o pagamento do abono salarial e seguro-desemprego subiu R$ 3,855 bilhões, para R$ 45,811 bilhões. A previsão anterior era de um gasto de R$ 41,955 bilhões.

Esse aumento nas estimativas ocorreu mesmo com as mudanças recentes nas regras de acesso aos benefícios. Em maio, o governo havia reduzido em R$ 5,04 bilhões as despesas com o pagamento desses benefícios. As despesas com pessoal subiram para R$ 236,208 bilhões.

Corte esperado na meta de superávit leva Bolsa ao menor nível desde março

O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quarta-feira (22) em queda, influenciado pela notícia sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff (PT) de reduzir a meta fiscal de 2015 e fazer um novo corte provisório de gastos no Orçamento da União para melhorar o desempenho das contas públicas.

O Ibovespa teve desvalorização de 1,08%, para 50.915 pontos – a menor pontuação desde 27 de março, quando estava em 50.094 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,508 bilhões – abaixo da média diária do ano, de R$ 6,725 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.

O economista-chefe da gestora Invx Global Eduardo Velho disse que o mercado já esperava uma mudança na meta, mas a magnitude superou as projeções. “É um sinal de que o governo está com dificuldade de fazer cortes suficientes para manter a meta”, afirmou. O espaço para cortar gastos, disse Velho, continuará limitado, ainda mais com o Congresso dividido nas votações de temas de ajuste fiscal.

O executivo da equipe de análises da Um Investimentos Linican Monteiro afirmou que, com a expectativa em torno do corte da meta de superavit primário, “os investidores começam a exigir um aumento de juros pagos pelos títulos emitidos por empresas. Isso eleva o custo de capital das companhias e penaliza aquelas com papéis listados em Bolsa.”

O principal impacto, segundo Monteiro, é sobre as estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, caíram 3,81%, para R$ 10,36 cada uma. Já as ordinárias, com direito a voto, cederam 3,97%, a R$ 11,38.

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