São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que o governo pretenda reduzir a meta do superávit primário a diferença entre receitas e despesas antes do pagamento de juros de 2009. O rumor de que essa variável seria alterada para acomodar gastos maiores e receita menor do setor público ganhou força na semana passada. A meta já havia sido alterada em abril deste ano, passando de 3,8% para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
"O superávit primário deste ano será aquele que já foi anunciado por nós, de 2,5%. Estamos fazendo um superávit primário menor neste ano para poder fazer as medidas anticrise, que estão dando muito certo, disse o ministro após a cerimônia de posse do novo presidente da Nossa Caixa, Demian Fiocca, em São Paulo. "Em nenhum momento pensei em reduzir mais o [superávit] primário neste ano. Alguns andaram falando em primário zero. Isso não é verdade, não está correto.
Sem a alteração na meta de superávit, os ministérios terão de fazer ajustes, segundo Mantega isso porque a arrecadação está em queda, enquanto os gastos públicos crescem a um ritmo de 18% ao ano. Esses cortes, porém, não poderão ocorrer nos programas prioritários de cada pasta. "Continuaremos reduzindo os gastos de custeio sem mexer nos programas prioritários. O governo mantém o Bolsa Família e todos os investimentos.
Empregos
No evento em São Paulo, Mantega fez uma projeção sobre o mercado de trabalho neste ano. Segundo ele, o Brasil deve apresentar uma criação líquida de 500 mil a 700 mil empregos formais em 2009. O ministro referiu-se à geração de postos de trabalho com carteira assinada computada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. "No ano passado criamos 1,6 milhão de empregos. Este ano será um pouco menos, mas, mesmo assim, haverá geração de postos de trabalho", disse.
Mantega também ressaltou que a ação dos bancos públicos está sendo fundamental para restabelecer a normalidade da concessão de crédito e lembrou que tais instituições apresentaram um avanço de 20% na liberação de financiamentos, em relação a setembro do ano passado, mês que marcou o início da fase mais turbulenta da crise, enquanto os bancos privados mostraram incremento menor, próximo a 2%.
"O segundo semestre será melhor que o primeiro. No último trimestre (deste ano) poderemos ter uma expansão de 3% a 4% do PIB como prevê boa parte dos analistas". O ministro disse que, em 2009, o país pode registrar uma leve expansão. "Para 2010, poderemos atingir uma alta do PIB de 4% a 4,5% tranquilamente e, em 2011, avançar de 5% a 5,5% restabelecendo, assim, a nossa trajetória de crescimento".