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Riscos
| Foto: Bigstock

Questões direta ou indiretamente ligadas ao setor público estão entre os principais riscos aos negócios na América Latina, aponta o relatório sobre Riscos Regionais na Realização de Negócios, divulgado nesta semana pelo Fórum Econômico Mundial. Fracasso na governança nacional, instabilidade social profunda e desemprego ou subemprego são os principais entraves regionais.

Uma série de fatores influenciou no resultado, diz o head de riscos globais e de agenda geopolítica do Fórum, Emílio Granados Franco. A população experimenta grandes níveis de insegurança e a corrupção. Quarenta e três das 50 cidades mais perigosas do mundo estão na região, sendo que 35 delas estão em três países: Brasil, México e Venezuela. O último relatório da Transparência Internacional mostra que oito países da região estão listados entre os 50 piores no ranking de percepção da corrupção.

“A percepção de respostas governamentais insuficientes a fatores econômicos, como a desigualdade persistente e os altos níveis de desemprego também podem estar favorecendo este resultado”, diz.

Franco destaca que a instabilidade social profunda, evidenciada sob a forma de grandes protestos, violência ou a falta de prestação de serviços sociais críticos pode alterar todos os aspectos do dia a dia, afetando a logística e operações comerciais na região.

O relatório aponta que estas instabilidades ou interrupções podem criar incertezas, o que contribui para diminuir a confiança dos investidores. “Estes fatores contribuem para o estabelecimento de pressões sobre os políticos para que deem resultados mais imediatos e populares, muitas vezes indo contra políticas estratégicas que poderiam gerar benefícios no longo prazo.”

Uma das alternativas que a região tem para impulsionar o crescimento e o desenvolvimento é o estabelecimento de parcerias público-privadas e a integração regional. Franco destaca que é cada vez mais claro que se requer a cooperação e o compromisso de múltiplas partes para resolver os principais desafios mundiais.

Segundo ele, a integração é outro objetivo que permitiria aos países da região desenvolver iniciativas conjuntas, consolidar cadeias de fornecimento global e acelerar a inovação. “Sendo o maior país e o mais povoado da América Latina, o Brasil está em uma posição única para liderar esse esforço.”

Riscos de ciberataques preocupam cada vez mais os executivos

As questões institucionais podem ser mais relevantes no curto prazo para as lideranças empresariais da América Latina, mas duas preocupações vem ganhando importância entre os riscos aos negócios: ciberataques e a fraude e o roubo de dados, os itens que mais preocupam os executivos de países da Europa e da América do Norte.

Segundo o presidente do departamento de riscos globais e digitais da Marsh, John Drzik,  a crescente dependência da tecnologia para muitos negócios vai intensificar ainda mais este risco. “Em combinação com desenvolvimentos geopolíticos divisórios, e o aumento dos receios em torno da economia, os executivos enfrentam uma carteira muito desafiante de possíveis ameaças."

Franco, do Fórum Econômico Mundial, destaca que questões relacionadas à cibersegurança vem ganhando importância na América Latina devido aos avanços de conectividade na região, onde 63% da população usa internet. Só para comparar, esse percentual é de 84% na Europa e de 88% na América do Norte. “A maioria dos ataques cibernéticos recentes e mais conhecidos são direcionados a entidades públicas e privadas nessas duas regiões.”

Outro fator que reforça as preocupações com cibersegurança, segundo Eduardo Almeida, presidente da Unisys para a América Latina, é que a tecnologia está cada vez mais presente em tudo que se faz. “De mídias sociais a meios de pagamento, as pessoas estão mais conectadas.”

E a tendência é de que as ameaças cibernéticas continuem ganhando força nas preocupações não só dos executivos latino-americanos como da população em geral. “São ameaças que vieram para ficar, devido à democratização no acesso à internet, ao desenvolvimento de tecnologias, como a mobile e a internet das coisas”, afirma ele.

Uma pesquisa mundial feita pela Unisys aponta que a sensação de insegurança cibernética é maior nos países onde há prevalência de movimentos nacionalistas e onde a segurança é muito explorada na pauta política.

“Não surpreende que exista uma relação direta entre maior sensação de insegurança e a presença de movimentos nacionalistas numa determinada região. A questão é se o nacionalismo é em si resultado da insegurança ou se a insegurança cresce a reboque do ambiente político”, ressalta Mark Forman, vice-presidente mundial da empresa e global head para o setor público.

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