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Curitiba – Prever o futuro não exige bola de cristal. Basta olhar para o lugar certo. Quem quiser descobrir um dos próximos craques da seleção, terá boas chances de acertar se procurar as divisões de base dos clubes. Entre os milhares de meninos tocando bola, estão alguns dos escolhidos pelo técnico da Copa de 2022. Se a missão for encontrar as empresas de destaque no futuro, é bom dar uma espiada nos campos de treinamento montados por instituições de ensino e fundações, as incubadoras tecnológicas. De lá sairão algumas companhias de ponta.

A idéia de montar ambientes que concentram empresas nascentes surgiu nos Estados Unidos, na década de 70. No Brasil, ela chegou com força na década de 90. A primeira incubadora do Paraná, a Intec, do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar), foi montada há 15 anos. Hoje, existe uma rede com mais de uma dúzia de instituições que ajudam a transformar boas idéias em negócios promissores.

As incubadoras têm diversos trunfos. Ensinam empreendedores a gerir empresas, ajudam a estruturar projetos e a conquistar investidores. As empresas instaladas nessas instituições contam com salas, laboratórios e têm custos reduzidos na contratação de consultorias. O resultado é uma mortalidade que não chega a 20%, bem abaixo da média brasileira, de 60% após o quarto ano de funcionamento. "Os negócios saem bem montados, após um período em que tiveram acesso à tecnologia de ponta. Isso faz muita diferença", afirma José Moraes Neto, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

A entrada nesse ambiente ocorre após uma "peneira". As incubadoras escolhem os melhores projetos, com bom potencial de colocação no mercado e, geralmente, muito inovadores. Este último quesito, segundo pesquisas industriais, são comuns às empresas que mais exportam e que têm os melhores níveis de capacitação dos funcionários. O sonho de quem entra nesse sistema de gestação de projetos é sair com um produto de sucesso e propostas de investidores. Meta que foi atingida pela estrela das incubadoras paranaenses, a Bematech. A fabricante de emissores de cupons fiscais começou no Intec, recebeu aportes de recursos de capital de risco e hoje fatura mais de R$ 150 milhões por ano.

"A Bematech é um caso clássico de sucesso, mas o que ela conseguiu é raro", diz o responsável pela área de Tecnologia do Sebrae-PR, Olávio Schoenau. "Uma das maiores dificuldades ainda é a falta de acesso ao capital de risco, o que torna difícil o salto de uma pequena empresa", completa. "Quando saem, algumas empresas têm dificuldade de manter o departamento de pesquisa e desenvolvimento, que é a forma de manter a inovação", conta a gerente do Intec, Rosi Aparecida Mouro. Essa, porém, não é a regra. "Temos muitos exemplos que deixaram a incubadora e continuam inovadores, que se colocaram no mercado e exportam", completa. Daiken, Identech, Biomec e Ignis são algumas das 22 graduadas do Intec que continuam no caminho traçado durante os anos em que foram "chocadas".

As principais incubadoras do Paraná têm hoje mais de cem projetos sendo acompanhados. São empresas de software, hardware, equipamentos hospitalares, artigos esportivos, entre outros segmentos que exigem investimento em tecnologia. Desse grupo despontarão algumas pérolas do mundo dos negócios do Paraná.

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