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reunião do Conselho de Administração da Petrobras do dia 6 de fevereiro, onde foi aprovado o nome de Ademir Bendine para substituir Graça Foster na presidência da empresa, foi marcada por bate-boca e reclamação de três conselheiros da forma como foi conduzida a escolha. Os conselheiros souberam do nome de Bendine por meio da imprensa, antes mesmo de o ministro Guido Mantega, presidente do órgão, os ter informado. Mantega, aliás, demonstrou intimidade com o futuro presidente da companhia, chamando-o por Dida, apelido pelo qual Bendine é conhecido no governo. Instada a se manifestar sobre os motivos de seu pedido de renúncia, e dos outros quatro diretores, Graça Foster se recusou a dar explicações. Mantega lembrou que havia solicitado a ela e aos ex-diretores que permanecessem no cargo até o final do mês, mas eles recusaram.

Os três conselheiros que votaram contra a indicação de Bendine e dos diretores substitutos foram Silvio Sinedino Pinheiro (representante dos trabalhadores), José Guimarães Monforte e Mauro Rodrigues da Cunha. Sinedino sugeriu que a seleção para a alta gerência fosse feita pelos funcionários da Petrobras, numa lista tríplice, e o conselho escolhesse o melhor.

“As indicações por partidos políticos, como a Polícia Federal e a Justiça vêm demonstrando, acabam cobrando um alto preço em corrupção e malfeitos.”

Monforte criticou a forma como o controlador (governo) conduz os assuntos da companhia e protagonizou um bate-boca com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

“É do Conselho a responsabilidade por conduzir as mudanças na diretoria da empresa, conforme previsão estatutária e regimental, e este sequer foi informado da iniciativa do acionista controlador.”

Ele também criticou o fato de os conselheiros saberem do nome de Bendine por meio da imprensa.

“Ao qual ato V.S. faz referência?”, questionou Coutinho.

“Disse com acuracidade o que a imprensa noticiou e o Palácio deixou vazar. Sei muito bem o que estou falando. A presidente foi chamada lá e foi, me falta a palavra, pode escolher ingenuidade de que não houve ação da presidente da República com relação à presidente desta empresa. Se vocês querem entrar nisso, eu achei que o sr. Luciano tinha um pouco mais respeito pelo que eu digo, se quer entrar nisso vamos. O controle de preço.... É inapropriado que o acionista controlador chame a presidente desta companhia para reclamar. É responsabilidade deste conselho”, retrucou Monforte

“Não precisa me cobrar minha responsabilidade.”, disse Coutinho.

Foi preciso Guido Mantega intervir.

“Aqui não é o lugar para fazer esse tipo de bate boca. O sr. está fazendo conjecturas de que o controlador está impondo. Estou relatando o que aconteceu.”

Outro que foi contrário às indicações foi Mauro Rodrigues da Cunha

“O que estamos vivendo aqui é uma piada ruim, um desrespeito ao Conselho de Administração. No caso de João Elek, por exemplo, não foi feito um background check e estamos correndo o risco de indicar diretores que possam ter problemas depois”, declarou.

“ Nós já eramos uma empresa de petróleo que tinha apenas um membro do conselho que se pode dizer especialista em petróleo, a senhora Graça Foster, e nós agora vamos para um cenário onde nenhum membro do conselho da Petrobras é especialista em petróleo.”

Ele também sugeriu a renúncia do Conselho de Administração, e uma reunião extraordinária para que fosse escolhido outro. Mas Mantega se insurgiu.

“O conselheiro Mauro acha que os acionistas minoritários podem conduzir a empresa. Talvez esse seja o objetivo dele quando coloca que o conselho de administração deve se demitir. Realmente, age como se fosse o controlador da empresa,quando não é. Qualquer um pode expressar livremente seus argumentos, mesmo quando são absurdos.”

Ao defender o nome de Bendine, Mantega disse que o momento pelo qual a empresa passa carece de alguém com conhecimento na área de finanças — e que o ex-presidente do Banco do Brasil seria a pessoa certa para a função.

“Parece-me adequado (o nome dele) no momento em que os problemas financeiros se agudizam na empresa. As questões operacionais têm sido muito bem conduzidas. Neste momento, o que precisamos é uma condução nas questões financeiras, na questão da crise que a empresa vive. O Dida é um expert nisso.”

Sinedino observou, porém, que os problemas da Petrobras não estavam localizados na área financeira, mas na técnica, que cuida das obras.

“Os problemas não aconteceram na área financeira, mas da área operacional. Nossos problemas vieram da área técnica, não financeira. Foram as obras que criaram os problemas. Não temos problemas de contabilidade.”

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