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Pressão

Alemanha e França pedem explicações

O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, disse que vai se reunir com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, hoje, em Cannes, um dia antes do início da reunião de cúpula do grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20). Mas ele deve ouvir que não há alternativa para o acordo discutido em duas cúpulas dos líderes europeus na semana passada, disse uma autoridade próxima ao assunto.

"Queremos transmitir aos gregos que não há alternativa para o pacote de medidas que nós acordamos em Bruxelas", afirmou a fonte, segundo a qual as autoridades que vão participar da reunião em Cannes querem que a Grécia deixe claro o que exatamente está planejando com o referendo.

Segundo um comunicado divulgado pelo gabinete grego, Papandreou conversou ontem com Merkel e explicou a decisão de convocar um referendo sobre o plano da Europa para ajudar a Grécia. De acordo com o primeiro-ministro, a chanceler alemã teria entendido a iniciativa. "O primeiro-ministro destacou a necessidade de as decisões da cúpula da União Europeia serem adotadas pela população grega com o objetivo de contribuir para as grandes mudanças que o país precisa completar", disse o comunicado.

Bancos mantêm apoio a plano para dívida grega

O Instituto Internacional de Finanças (IIF) reiterou sua intenção de seguir adiante com o plano para a dívida da Grécia para o setor privado mesmo depois que o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, pediu, anteontem, um referendo sobre o acordo fechado em 27 de outubro. O IIF, em nome dos bancos privados e outras instituições, concordou em conceder um "haircut" (desconto), de 50% sobre o valor dos bônus gregos.

"Vamos trabalhar de perto com as autoridades gregas, da zona do euro e outras partes relevantes para acertar, finalizar e seguir com a implementação dos detalhes do envolvimento do setor privado voluntário no apoio aos esforços de reforma da Grécia para se recuperar da atual crise, restaurar o seu acesso ao mercado e lançar as bases para um crescimento renovado", disse o grupo em comunicado por e-mail.

No bolso

Os papagaios do vizinho

Suponhamos que o leitor esteja devendo muito na praça, para a mercearia do bairro, a padaria, o posto de gasolina e até para os vizinhos. A coisa andou tão feia que, mesmo que vendesse todas as suas posses, sobraria quase metade da dívida. Os credores, então, resolveram discutir a questão num grupinho – encabeçado pelo vizinho mais endinheirado, que tinha uma BMW na garagem.

Leia o restante da opinião de Franco Iacomini, colunista de Finanças Pessoais.

"Super Mario" assume BCE em hora difícil

O novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi, 64 anos, assumiu o cargo ontem, e junto com ele o momento mais difícil da história do euro. Bem aceito por seus pares, a escolha do italiano parece ter agradado também ao mercado. Em meio à maior crise desde que o euro foi criado, em 1999, o italiano vai precisar restaurar a confiança do investidor na estabilidade da zona do euro, impedir o desastre financeiro do bloco e recolocar a economia de volta nos trilhos do crescimento sustentado. De quebra, terá de cumprir o principal objetivo do BCE: a estabilidade dos preços.

Leia a matéria completa

  • George Papandreou (ao centro), antes de se reunir com deputados de seu partido, ontem: críticas ao referendo são generalizadas

A iniciativa do primeiro-ministro grego, George Papandreou, de convocar um referendo sobre o pacote de ajuda à Grécia, aprovado pelas lideranças europeias na semana passada, teve repercussão negativa tanto entre políticos do país – inclusive do partido do premier – quanto entre chefes de governo europeus e mercados em todo o mundo. No começo da noite de ontem (horário do Brasil), uma fonte do Pasok (partido de Papandreou) chegou a dizer que a convocação do referendo estava "basicamente morta", mas Angelos Tolkas, vice-porta-voz do governo, afirmou que o governo pretende seguir adiante com a consulta popular.

A insistência grega leva a uma hipótese que ainda não foi oficializada, mas está em todas as mentes: a Grécia pode ser obrigada pela União Europeia a deixar a zona do euro. Depois de dois anos de crise das dívidas soberanas e de desmentidos sobre a eventual exclusão do país, a decisão de Papandreou exasperou líderes políticos. Em lugar de um "haircut" de 50% – um calote controlado e aceito pelos credores –, a Grécia caminharia para a bancarrota caso o "não" vença na votação.

Nas duas principais capitais do bloco, Berlim e Paris, a palavra "falência" não foi citada ontem. O vocábulo, entretanto, estava nas entrelinhas do comunicado assinado pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, no qual os dois líderes se comprometem a "assegurar a implementação sem atrasos das decisões adotadas na cúpula da zona do euro", consideradas "mais necessárias do que nunca". Na prática, Merkel e Sarkozy ignoraram a hipótese de realização do referendo.

Segundo a agência de classificação de risco Fitch, o eventual fracasso do socorro à Grécia pode desestabilizar toda a zona do euro, comprometendo sua existência. Para a agência, o "não" viria acompanhado de "graves consequências financeiras para a estabilidade financeira e a viabilidade da zona do euro", avaliaram os técnicos. Com uma dívida de 160% do PIB, Atenas não suportaria além de dezembro a falta de repasses do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), cujas parcelas de 8 bilhões de euros mantêm a solvência do país desde maio de 2010. Em consequência, o sistema financeiro de países como Itália, França e Alemanha seria ainda mais atingido por um calote total do que com o default programado, contaminando grandes economias do bloco.

Rebelião

A deputada do Pasok Eva Kaili pediu ontem que Papandreou reconsiderasse seus planos. A deputada Milena Apostolaki, também do Pasok, informou ontem que está deixando o partido e passará a atuar como independente, o que deixou a legenda com apenas duas cadeiras de maioria no Parlamento grego. Pelo menos outros dois deputados governistas manifestaram oposição ao referendo e seis pediram a substituição de Papan­­dreou, que será submetido a um voto de confiança na sexta-feira.

Papandreou não fixou uma data específica para o referendo, embora ministros tenham dito que ele deveria acontecer no começo do próximo ano. Esse seria o primeiro referendo na Grécia desde 1974, quando a população foi às urnas para decidir se queria a volta da monarquia ou a instalação da república após sete anos de ditadura militar.

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Entenda o caso

Atitude do primeiro-ministro grego pode colocar a perder o esforço europeu para socorrer a Grécia, afirmam analistas.

Dívida

A Grécia e outros países da periferia da zona do euro, como Irlanda e Portugal, já vêm recebendo pacotes de ajuda da União Europeia desde o ano passado. O caso mais crítico é o grego – o déficit do país é, atualmente, de 160% do Produto Interno Bruto.

Austeridade

Entre as condições impostas pela zona do euro para os pacotes de ajuda à Grécia estão várias medidas de austeridade, como o controle dos gastos do governo, demissões de funcionários públicos e privatizações. Como o dinheiro dos pacotes é liberado em parcelas, a Grécia precisa comprovar aos credores que vem aplicando as medidas para continuar recebendo o dinheiro que permite ao país honrar os vencimentos de seus títulos; no entanto, o corte de gastos está causando protestos quase diários de vários setores da sociedade que serão atingidos pelas ações de austeridade, o que desgasta o governo do primeiro-ministro socialista George Papandreou.

Acordo

Na semana passada, os líderes da União Europeia conseguiram aprovar um acordo que inclui a aceitação, por parte dos bancos, de um "haircut" (corte) de 50% no valor de face dos títulos da dívida grega em mãos de credores privados, além da recapitalização dos bancos para que eles suportem eventuais novas crises, e do reforço do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF), que teria até 1 trilhão de euros.

Aposta política

Desgastado internamente, Papandreou pretendia, segundo analistas, transferir para a população a responsabilidade pelas medidas de austeridade, e por isso teria convocado o referendo para aprovação do acordo fechado na semana passada. Pesquisa publicada no fim de semana apontava que 60% dos gregos reprovavam o acordo de Bruxelas, mas 70% queriam permanecer na zona do euro.

Debandada

O anúncio do referendo pegou de surpresa os mercados, outros líderes europeus, o ministro de Finanças grego e parlamentares do partido de Papandreou, o socialista Pasok. Julgando que o primeiro-ministro foi longe demais e que as consequências de um "não" ao acordo no referendo poderia até tirar a Grécia da zona do euro, alguns deputados já deixaram a legenda e outros ameaçavam fazer o mesmo ontem.

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