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Curitiba e Foz do Iguaçu – Os fiscais federais agropecuários iniciaram ontem a segunda greve em pouco mais de um mês, insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo federal. A paralisação das fiscalizações e da liberação de cargas para importação e exportação colocou em alerta a cadeia produtora de carne. O setor estima que esta greve pode causar ainda mais prejuízos do que a primeira, ocorrida entre os dias 18 e 29 de junho. Os efeitos do movimento já foram sentidos na Estação Aduaneira do Interior (Eadi), em Foz do Iguaçu. No início da noite de ontem, o pátio da Eadi estava lotado, o que fez a empresa administradora da alfândega usar um terreno vizinho para abrigar outros caminhões.

De acordo com a Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), o governo federal propôs reajuste de 12% em três anos, com a primeira parcela em julho de 2008. "Outro item apresentado foi a desvinculação de uma gratificação sobre o salário base, o que para nós é um retrocesso", disse o presidente da Anffa no Paraná, Clemente Martins. "Não foi uma proposta, foi uma provocação. Consideramos isso ofensivo", acrescentou.

A diretoria da Anffa iria se reunir ontem com representantes dos ministérios da Agricultura e do Planejamento. A categoria pede reajuste de 45%. O salário inicial é de cerca de R$ 2,7 mil. Segundo Martins, sem uma contra-proposta que atenda aos pedidos dos fiscais, a greve será mantida por tempo indeterminado, intercalada com períodos de operação-padrão.

Em todo o Brasil, há cerca de 5 mil fiscais, dos quais 260 estão no Paraná. De acordo com Martins, 30% dos servidores trabalharam normalmente ontem para cumprir a legislação de greve. Apesar da lotação no pátio da Eadi, foi grande o número desembaraços realizados. Conforme a Receita Federal, foram liberadas 362 cargas até as 17 horas. Normalmente, são desembaraçadas por volta de 500 cargas no geral no local.

O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne) não tem um balanço dos prejuízos da greve anterior para o setor. "É difícil fazer a contabilidade disso. Mas houve acréscimo dos custos, como na suinocultura, para manter animais na granja engordando, e na contratação de estocagem de terceiros", disse o economista do Sindicarne, Gustavo Fanaya. Segundo ele, a situação pode se agravar com a manutenção da greve. "Eles haviam anunciado a greve do mês passado com bastante antecedência, por isso os exportadores conseguiram se programar. Como o governo não foi fiel ao que cumpriu, tudo indica que a greve terá força maior desta vez."

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