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Os moradores de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, sofrem com a falta de combustível desde esta segunda-feira (23), quando alguns postos começaram a ficar sem gasolina. Com a notícia, se instalou uma verdadeira corrida para encher o tanque dos veículos. O mesmo se repetiu em municípios como Pato Branco, Dois Vizinhos, Ampére e Santo Antônio do Sudoeste.

Nesta terça o movimento foi menor, mas o pouco que restou de etanol nas bombas continuou disputado. O desabastecimento ocorre em virtude da paralisação dos caminhoneiros. A falta de combustível desencadeou um efeito dominó, provocando prejuízo em vários setores.

O empresário Humberto Toscan, transportador e proprietário de postos de combustível, está com caminhões cheios e parados em filas de rodovias sem poder se movimentar nos bloqueios de Clevelândia, Chopinzinho, São Miguel D´Oeste (SC) e Cunha Porã (SC). Ele transporta combustível para cinco postos da região. Todos estão com os reservatórios vazios. O diesel vem de Canoas (RS), a gasolina de Araucária e o etanol, de Guarapuava. Humberto apoia a reivindicação dos caminhoneiros, mas acha difícil que o governo interfira no mercado para criar um balizador de frete – preço mínimo por tonelada transportada, pois o que determina é a lei de oferta e procura. Segundo ele, não houve alteração de preços em suas empresas em função da escassez e grande procura pelos produtos.

Corrida aos supermercados

Nos supermercados, o movimento também cresceu e alguns produtos perecíveis já estão faltando. O presidente da seção regional da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Edi Dalberto, disse que faz dois dias que as empresas não recebem hortifrútis e carne. “Temos carne pra mais dois dias, porque é um produto que vem de fora, de Guarapuava ou do Mato Grosso.”

Os estabelecimentos estão sem repor produtos perecíveis como queijos, leite, iogurtes, verduras, frutas, legumes e frios em geral. A Apras representa mais de 350 supermercados só no Sudoeste do Paraná. Ele conta que houve um aumento que varia de 30% a 40% nas vendas. “Pedimos que as pessoas tenham calma, não se crie um pânico desnecessário, porque apesar de faltar perecíveis, os demais produtos não vão faltar.”

Falta gás

O segundo item a começar a faltar foi gás de cozinha. O empresário Claudimar Damiani, da Damiani Liquigás, conta que muitos consumidores queriam estocar o produto em casa. “Não aumentou a demanda, essa procura é fruto do exagero das pessoas. Tinha gente que vinha aqui com o botijão pela metade e queria trocar por um cheio.”

Leite sendo jogado fora

O que mais preocupa é o impacto para a agricultura. A maioria dos laticínios da região interrompeu ontem a coleta de leite nas propriedades rurais. Tem agricultor que está jogando leite fora. Na propriedade da família Loch, localizada na comunidade de São Brás, interior de Marmeleiro, cerca de 3 mil litros de leite foram descartados. De acordo com a moradora Amanda Caroline Loch, o leite foi jogado fora porque já estava no tanque de expansão há 5 dias e perdeu a qualidade. Prejuízo aproximado é de R$ 3 mil por dia.

“Além disso, cada tirada estava sendo jogada fora porque não havia mais espaço nesse tanque”, relatou. A propriedade produz 800 litros por dia e, se a paralisação continuar, a cada quatro dias o leite irá se perder. A propriedade dos irmãos Claudir, Claudimir, Valdir e Valdecir tem uma receita aproximada de R$ 17 mil e depende da produção de leite para manter as famílias. Eles entregam para um laticínio de Santa Catarina. “O laticínio está parado e os caminhões não tem como vir.”

Indústrias

Até esta tarde, representantes da BRF e lideranças do movimento dos caminhoneiros tentavam liberar a passagem dos caminhões da empresa. A empresa parou as atividades nas duas unidades do Sudoeste do Paraná (Dois Vizinhos e Beltrão), em função da falta de matéria prima. Representantes de laticínios definiram suspender a coleta de leite em toda a região Sudoeste do Paraná. As empresas não têm mais onde estocar o produto acabado.

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