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Guedes critica IFI após estudo sobre lockdown; órgão vê “intolerância ao contraditório”
| Foto: Edu Andrade/Ascom/ME

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez na quinta-feira (25) um ataque público à Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal, em audiência pública da comissão do Congresso que acompanha o combate à pandemia de coronavírus.

Na audiência, o ministro foi questionado sobre um estudo da IFI, segundo o qual uma quarentena branda por longo período é pior para PIB do que um isolamento rígido (lockdown) mais curto. O relatório mostrou que, quanto mais a vacinação demora, por mais tempo será preciso ter medidas de restrição, que prejudicam o resultado o PIB. Em resposta, Guedes disse que a instituição "tem previsões muito fracas" e "tem trabalhado muito mal".

"A IFI disse que nós iríamos furar o teto [de gastos] no primeiro ano, disse que nós iríamos furar o teto no segundo ano, a IFI disse que a dívida iria chegar a 100% do PIB", disse Guedes. "Eu acho que até o Senado deveria rever um pouco quem é que lidera a IFI, porque, aparentemente, é um economista que tem errado dez em cada dez", completou. Apesar da "sugestão", a direção da IFI tem mandato fixo e não pode ser trocada a qualquer tempo.

Felipe Salto, diretor da IFI, disse que as declarações de Guedes revelam "uma preocupante intolerância ao contraditório numa democracia". Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", afirmou que a IFI "não foi, não é e nunca será linha auxiliar do governo e de quem quer que seja".

A IFI foi criada há quatro anos e meio para acompanhar as contas públicas. Foi inspirada em órgãos semelhantes que existem nos Estados Unidos, Reino Unido e outros países.

Após as críticas de Guedes, o órgão recebeu manifestações de apoio de economistas e também de parlamentares como Kim Kataguiri (DEM-SP), Tabata Amaral (PDT-SP), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Carlos Zarattini (PT-SP).

Uma nota técnica será divulgada pela direção da IFI contestando tecnicamente os pontos criticados pelo ministro. Salto ponderou que críticas são bem-vindas do ponto de vista técnico. "Se nós errarmos as projeções ou se estivermos usando metodologias equivocadas, é bem vindo", argumentou Salto, que se disse impressionado com o ataque pessoal que recebeu de Guedes.

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