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Assim que terminou o curso de psicologia, a curitibana Cássia Noronha tomou um caminho distinto do de seus colegas de faculdade – todos estavam trabalhando ou procurando emprego na área. Cássia aproveitou a estabilidade do marido para se arriscar em um terreno que, apesar de ser sua paixão desde criança, jamais fora uma alternativa profissional: a costura.

Há 15 anos, sem acreditar no retorno financeiro, mas apostando na realização pessoal, Cássia montou um ateliê dentro de casa. Hoje, a empresa Doce Seda é o sustento da família. "Só acreditei que o negócio poderia dar retorno financeiro quando o meu marido decidiu trabalhar comigo."

O marido dela, o engenheiro Ubiratan Noronha, também escolheu mudar de profissão ao entrar em contato com o trabalho da mulher. "Hoje sou engenheiro da elegância." Além de administrar a empresa, Noronha faz os moldes das peças confeccionadas por Cássia em um software de engenharia. "O princípio é o mesmo, desenhar uma ponte ou uma calça requer conhecimento técnico", explica. Para deixar as empreitadas e investir nos moldes, Noronha foi auto-didata, importou livros, foi até a França e hoje é modelista. Apesar de ter sido alvo de gozação dos amigos quando optou pela modelagem, Noronha tem a convicção de que seguiu o caminho certo. "Gosto muito do que faço."

A história dos Noronha, que largaram suas carreiras de formação e se dedicaram profissionalmente a um hobby, tem se tornado cada vez mais comum nas empresas especializadas em administrar carreiras. Para a consultora Susane Zanetti, da ZHZ Consultores, a opção de profissionalizar hobbies é uma tendência. "Ainda não é predominante, mas percebemos um aumento deste tipo de situação", diz.

Transição

O mais comum, segundo Susane, é a transição na carreira, em geral quando o profissional chega aos 40 anos e repensa a sua trajetória. Quando há esse questionamento, o trabalho das consultorias – o chamado coaching – é identificar pontos fracos e fortes do profissional e os chamados "drivers" (objetivos, parâmetros, valores), para ver se o desejo de mudança é forte o suficiente para valer o risco da guinada.

"Uma mudança desta envergadura tem de ser avaliada caso a caso, mas sempre há riscos. O que é possível é estruturar e calcular os riscos", completa Susane. O mais comum, segundo a consultora, é que o processo de mudança na carreira seja feito de forma gradual. "Acontece muito de a pessoa construir uma carreira paralela à principal, e nesses casos é mais fácil fazer uma opção".

Foi como fez o empresário Fernando Zanello, que há 16 anos trabalhava como funcionário de uma indústria de plásticos. Nos fins de semana, Zanello usava a propriedade da família, em Tijucas do Sul, para cuidar de cavalos, seu hobby desde criança. Com o tempo, o administrador foi investindo na propriedade, no início, para que ela se tornasse auto-suficiente e deixasse de pesar no orçamento da família.

A primeira atividade comercial de Zanello na chácara foi a venda de cavalos. "Uma coisa levou à outra. A venda trouxe visitantes, que queriam montar. Passei a alugar cavalos e a investir em infra-estrutura para que as pessoas tivessem conforto", lembra. "O passo seguinte foi transformar a casa em uma pousada. Hoje o haras é um Hotel Fazenda."

Para Zanello, o segredo do sucesso de seu empreendimento foi justamente o fato de os investimentos terem sido graduais. "Quase não me arrisquei. Só deixei o meu emprego quando tive a convicção de que era o que eu queria fazer e que o risco era praticamente zero. Hoje, não consigo distinguir o meu trabalho do meu hobby, pois faço com o coração, e nem sinto que estou trabalhando. Quando você trabalha com o seu passatempo, parece que está sempre em férias", completa. Apesar de ter passado um período tendo que controlar os gastos, por estar investindo na empresa, Zanello afirma ganhar hoje o mesmo do que quando era funcionário na indústria.

Amador que vira profissional

A vantagem de transformar um hobby em profissão é que você vai fazer realmente o que gosta e por isso vai ter muito prazer e motivação no trabalho. Além de ganhar dinheiro, é claro.

Se você acha que o hobby pode virar um negócio, a dica é começar aos poucos e não largar seu trabalho mais seguro de uma hora para outra.

Antes de começar, planeje bastante, analise a concorrência e veja se a idéia é viável. Para tanto, busque ajuda de consultorias, como a do Sebrae.

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