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O mercado cada vez mais concorrido, a independência de verbas públicas e a adaptação aos tempos modernos estão mudando a configuração dos hospitais particulares no país. Hoje eles pouco lembram aqueles ambientes desconfortáveis, escuros, frios e com cheiro de remédio pelos corredores, e mais se assemelham a verdadeiros hotéis. Também já não se vê a construção de grandes complexos para atender às mais variadas especialidades médicas. Os grandes estão "encolhendo" e dão lugar a hospitais de pequeno e médio porte, porém mais especializados.

O período é de readaptação no Paraná, e por isso mesmo os investimentos no setor estão em alta. O mais novo empreendimento é o Hospital Sugisawa, em Curitiba, que será inaugurado até o fim do mês. O hospital da Cruz Vermelha firmou parceria com o UnicenP para a construção de uma nova ala. O Santa Cruz investiu na área de cardiologia. E o grupo Vita, que no ano passado inaugurou a unidade Vita Batel – agora são dois hospitais em Curitiba –, começará a investir em Florianópolis e estuda a implantação de um hospital em Londrina.

"Investimento é uma forma de sair da dificuldade. Na hora da crise, sofrem mais os hospitais que estão menos aparelhados", avalia o presidente do grupo Vita, Edson Santos. Segundo ele, sobrevivem aqueles que enxergam o hospital como uma empresa. "Nossos hospitais são sociedades anônimas de capital aberto. Se não tratarmos como empresa, não há como dar resposta aos investidores. E para eles tanto faz investir em hospitais ou siderúrgicas. O investidor quer saber onde o seu dinheiro terá menor risco e maior rentabilidade", afirma.

Ao se tratar o hospital como empresa, a tendência é apostar em unidades pequenas e especializadas numa determinada área da saúde. "Até as clínicas que executam procedimentos cirúrgicos mais simples se constituem em pequenos hospitais", conta Ricardo Akel, diretor da Aliança Saúde, associação entre os serviços de saúde da Pontifícia Universidade Católica (PUC) com a Santa Casa.

Para Hildecy Schwaemmle, coordenadora do curso de Administração Hospitalar da Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), a especialização maior decorre da independência dos hospitais particulares em relação ao sistema público, que exige o atendimento numa gama maior de especialidades.

Outra tendência seguida pelas novas "empresas de saúde" é a mudança na maneira de se enxergar o paciente. "Você começa a vê-lo não como um paciente doente, mas como alguém que está recebendo um serviço de assistência médica", explica Hildecy. O serviço de assistência médica inclui não só pessoal médico qualificado e tecnologia de ponta, mas também conforto e bom atendimento, da recepção à sala de cirurgia. O Sugisawa, por exemplo, terá apartamentos com TV a cabo, frigobar e conexão de internet.

O objetivo disso tudo não é só ganhar a preferência do paciente – ou cliente – , diz o diretor do Hospital Santa Cruz, Arthur Leal Filho, que assume na semana que vem a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Paraná (Fehospar). "É preciso também conquistar o médico. Ele está preocupado em trabalhar onde poderá dar o melhor tratamento ao seu paciente e quer ter conforto também", explica.

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