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Aumento do IOF

Hugo Motta demanda suspensão imediata de IOF sobre risco sacado

Deputado Hugo Motta pressiona governo para revogar IOF sobre operações de risco sacado
Deputado Hugo Motta pressiona governo para revogar IOF sobre operações de risco sacado (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

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O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), demandou à equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que suspenda de forma imediata a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de risco sacado. A medida eleva a alíquota de 1,88% para 3,95% ao ano.

Ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Motta deu dez dias para o governo apresentar uma proposta com soluções para reverter o aumento do IOF, sob o risco de derrubar a medida. Até o momento, 22 propostas já foram apresentadas para suspender o aumento da alíquota: 20 na Câmara e 2 no Senado.

A data marcada para o início da cobrança do IOF sobre o “risco sacado” é este domingo, 1º de junho. A intenção de Motta seria evitar que as empresas tenham que pagar mais imposto enquanto ainda há o impasse — além do risco sacado, o IOF também foi elevado em outras operações de crédito para as empresas.

O risco sacado é uma modalidade na qual as instituições financeiras adiantam os valores para os varejistas que venderam a prazo. O decreto do governo elevando o IOF permitiu que a alíquota seja cobrada sobre essa antecipação.

A nova taxação atinge principalmente pequenas empresas, para as quais os valores antecipados tornaram-se importantes para compor seu caixa. A operação tornou-se uma alternativa para bancos e empresas de pagamento que querem facilitar o adiantamento aos fornecedores e também para os fornecedores que precisam de capital de giro.

A extensão do IOF sobre essas operações foi um dos pontos mais criticados do pacote do governo. Para o Ministério da Fazenda, no entanto, a cobrança de IOF sobre o “risco sacado” o equipara às outras operações de crédito e, por essa razão, gera isonomia e justiça fiscal, além de evitar distorções.

Haddad resiste a revogar IOF em 2025

Na sexta-feira (30), o presidente Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial. Após a reunião da quarta-feira (28) com os presidentes do Senado e da Câmara, Haddad se comprometeu a entregar medidas estruturantes para planejar uma solução para os próximos anos.

“Em 2025, temos uma certa dificuldade em virtude do fato de que existem normas constitucionais que obrigam a observação de noventena e anualidade”, afirmou o ministro.

O líder do PT no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) citou que a revogação da medida poderia em 2025 causar um contingenciamento ainda maior do que os R$ 31,3 bilhões já congelados pelo governo, podendo afetar até mesmo as emendas parlamentares. 

Líder no PT na Câmara defende manutenção de alta no IOF

Na mesma linha, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), disse na quinta-feira (29), que a manutenção da alta no IOF é necessária para evitar um contingenciamento da ordem de R$ 50 bilhões. Segundo o petista, caso isso ocorra, serviços públicos e programas sociais das áreas de saúde e educação seriam impactados.

“Ou se mantém o IOF desse jeito que está, ou a única solução possível é o contingenciamento de mais de R$ 20 bilhões. Se for essa a opção, vamos entrar numa situação de shutdown [colapso da máquina pública]. É uma situação em que o governo praticamente não roda”, disse Lindbergh.

Congresso pressiona governo a recuar no aumento do IOF ainda este ano

A pressão do Congresso segue, mesmo assim, para que o governo recue das medidas. O presidente na Câmara da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), Domingos Sávio (PL-MG), reafirmou à rede CNN a disposição do Congresso de revogar o decreto que elevou o IOF.

“Uma coisa é certa: ou o governo recua e revoga o decreto ou o Congresso vai revogar. Neste caso, como ficam os que já estão pagando? É claro que entrarão na Justiça exigindo a devolução”, disse o parlamentar, ao afirmar que haverá passivos judiciais caso o IOF para risco sacado não seja revisto.

Congresso pode revogar decreto que elevou o IOF

O Congresso Nacional pode se valer de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para reverter o decreto do Executivo. Nos últimos 25 anos, o dispositivo já foi utilizado para pressionar o Executivo.

Já houve situações nas quais o Senado ou a Câmara aprovaram a derrubada de um decreto presidencial e, antes de ser aprovado na outra Casa, o governo voltou atrás na medida, evitando uma derrota ainda mais contundente junto ao Legislativo.

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