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Projetos

Térmicas a gás devem ganhar espaço em leilão

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, admitiu a possibilidade de que seja contratada este ano parte de energia de térmicas a gás no leilão de A-3 (em que a energia deverá começar a ser fornecida num período de três anos). Segundo ele, a Petrobras está aumentando sua produção de gás associado ao petróleo e isso deve gerar uma maior disponibilidade do combustível. "A depender do preço e do seu nível de competitividade, deveremos mesmo ver usinas térmicas voltando a ser contratadas este ano e concorrendo com outras fontes renováveis", disse.

Segundo ele, a tendência não visa atender a uma necessidade de um incremento na demanda de gás produzido pela Petrobras, mas sim dar maior segurança ao sistema hidrotérmico adotado no Brasil. "Com reservatórios sendo construídos cada vez com tamanhos menores, diminui nossa confiabilidade e aumenta o risco. Portanto, temos de ter mais fontes alternativas e que possam ser acionadas no caso de emergências", afirmou.

Além de possíveis empreendimentos térmicos, ele confirmou um leilão de energia eólica, um de biomassa, e ainda o retorno ao leilão de energia de pelo menos duas usinas da região do Parnaíba (Cachoeira e Estreito Parnaíba), que não tiveram interessados no último leilão. "Estamos em contato com os órgãos ambientais para tentar alterar os projetos, diminuir as condicionantes para torná-los mais atraentes e com menor custo", afirmou.

A diretora de licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Gisela Forattini, refutou ontem que o órgão tenha sofrido qualquer tipo de pressão para liberar a licença provisória para o início da construção do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Mato Grosso. Ao abrir sua palestra durante o Congresso Latino-Americano de Energia, a diretora lembrou que o tema tem levantado muita polêmica, mas atribuiu isso à "falta de informação". "A licença foi baseada em cinco pareceres e foi muito bem embasada. Foram cerca de 20 reuniões com o governo federal, mais audiências públicas. Há movimentos contrários à usina, muita gente se posicionando contra isso, mas atribuo isso à falta de informação", disse a diretora.

O Ibama concedeu, na última quarta-feira, a licença de instalação da usina. A licença será parcial, instrumento que não existe no direito ambiental brasileiro. Com ele, a Norte Energia, empresa que reúne os investidores, poderia iniciar a montagem do canteiro da obra. O Ministério Público Federal no Pará, entretanto, entrou com pedido na Justiça para barrar a licença, alegando que condicionantes prévias não estão sendo cumpridas. Para o órgão, não há base legal para o modelo de "licença de instalação específica" concedido pelo Ibama. A construção da usina em si ainda depende da licença de instalação definitiva, também pelo Ibama.

Capacidade

Um pouco antes, na mesma mesa de congressistas, na abertura do evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Ener­gética (EPE), Maurício Tolmas­quim, admitiu que a usina terá uma capacidade de aproveitamento relativamente pequena, de 4,5 mil MW médios, mas disse que ainda assim ela é "um empreendimento relevante para o país". "É preciso considerar que Belo Monte terá como um dos seus produtos a geração elétrica. Mas sua principal função será o desenvolvimento social de uma região, já que vai investir em construção de casas, saneamento básico e em melhorias para aquela área", disse.

Indagado sobre estes investimentos – que somam R$ 3 bilhões, dos R$ 20 bilhões previstos para a usina – serem uma forma de compensação pelos danos ambientais causados ao local, Tolmasquim negou. "Saneamento básico quem tem de fazer é o poder público. Mas os investidores na usina vão oferecer este saneamento não só para as residências afetadas, mas para toda a cidade", disse, lembrando que na região serão "apenas" 5 mil famílias afetadas. "Não é como em Três Gargantas", afirmou. Na ocasião, 1 milhão de pessoas foram atingidas pela construção da usina. Tolmasquim destacou ainda que, mesmo com esse custo extra, a usina de Belo Monte tem um custo de energia que equivale à metade do que se gastaria para produzir a mesma quantidade de energia com as fontes eólica e de biomassa, por exemplo.

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