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O economista Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central, é o novo presidente do BID.
O economista Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central, é o novo presidente do BID.| Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu neste domingo (20) o economista Ilan Goldfajn para comandar a instituição. Goldfajn é o primeiro brasileiro a presidir o banco de desenvolvimento em mais de 60 anos. Ele venceu a disputa em primeiro turno com o equivalente a 80% dos votos. Com 48 países membros, o BID é o principal financiador de projetos de infraestrutura na América Latina e no Caribe. Em 2021, a instituição multilateral aprovou US$ 23 bilhões em financiamentos na região.

A entidade é composta por 28 países das Américas, 16 europeus, e também conta com a participação de China, Japão, Israel e Coreia do Sul. A indicação de Goldfajn foi oficializada em outubro pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Atualmente, o Brasil é o segundo maior acionista do BID, só perdendo para os Estados Unidos. O mandato do presidente do banco é de cinco anos.

"O ministro Paulo Guedes considera que o candidato concilia ampla e bem-sucedida experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o qualificam inequivocamente para o exercício do cargo de presidente desta importante Instituição", informou o Ministério da Economia, em nota, quando a indicação foi feita.

Após a eleição deste domingo, a pasta comemorou. "O resultado foi conquistado após campanha liderada pelo Ministério da Economia. O candidato brasileiro alcançou ampla maioria, superando os critérios de percentual do capital votante do Banco e de apoio regional, o que permitiu que a eleição fosse concluída na primeira rodada", diz o comunicado.

"A vitória do candidato é reconhecimento da plataforma apresentada pelo Brasil para o Banco que prioriza três eixos centrais: Infraestrutura física e digital, com mobilização de recursos privados e criação de oportunidades para a integração regional; Combate à pobreza, desigualdade e insegurança alimentar; Mudança do clima e biodiversidade", afirmou o Ministério da Economia.

O BID foi fundado em 1959 e seus integrantes têm poder de voto proporcional ao total de ações. Os Estados Unidos têm maior peso na votação (30%), seguido de Brasil e Argentina (11,4% cada um), México (7,3%), Japão (5%) e Canadá (4%). Para que um membro seja eleito presidente, ele precisa contar com o apoio de países com mais de 50% do poder de voto e ter a maioria dos votos entre os países da América.

O brasileiro disputou o comando do banco com Cecilia Todesca Bocco (Argentina); Gerardo Johnson (Trinidad e Tobago); Gerardo Esquivel Hernández (México); e Nicolás Eyzaguirre Guzmán (Chile). Pouco antes do início das eleições, a Argentina decidiu retirar a candidatura de Cecilia Todesca Bocco para apoiar Goldfajn.

O Ministério das Relações Exteriores argentino informou neste domingo que se recusou a indicar seu candidato "em favor de uma maioria vencedora", formada por Brasil, Estados Unidos e Canadá, em troca de uma vice-presidência na próxima gestão do BID.

"Estamos sempre em busca de consenso. A região tem que trabalhar em conjunto, os desafios e oportunidades são compartilhados e também concordamos com uma agenda de trabalho com uma perspectiva e questões que consideramos estratégicas para o desenvolvimento econômico e social", disse a própria Todesca depois da retirada de sua candidatura.

Tentativa de interferência de Guido Mantega

No último dia 11, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou que estava trabalhando para barrar a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do BID. Quando fez a declaração Mantega, tinha sido indicado para integrar a equipe de transição do governo Lula (PT) na área de planejamento, orçamento e gestão.

"Não estou dizendo que [Goldfajn] seja um mau candidato, mas o Bolsonaro tentou dar mais um golpe, criar um fato consumado e fazer um presidente do BID, a meu ver, de forma equivocada. Eles não foram negociar com a Argentina, com o Peru, a Colômbia, o Uruguai. Eles lançaram um candidato assim, simplesmente. Alguns colegas acham que seria interessante prorrogar essa eleição para um período futuro de forma que o novo governo [Lula] pudesse se manifestar”, disse o ex-ministro, em entrevista à GloboNews.

A interferência foi criticada pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que disse considerar Goldfajn um “técnico isento”. Não é representante de uma facção política, e isso é muito positivo”, ressaltou Meirelles. O BID também reagiu e declarou logo em seguida que seu regimento interno não contempla a possibilidade de adiar a eleição para a presidência do organismo.

"Posso garantir que todos a quem mostrei minha proposta no Brasil me apoiam e não há ninguém que tenha alguma objeção", declarou Goldfajn, na sexta-feira (18), em um fórum virtual organizado pelo Atlantic Council.

Quem é Ilan Goldfajn

Atualmente diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Goldfajn foi presidente do Banco Central do Brasil entre 2016 e 2019. Entre 2000 e 2003, foi diretor de Política Econômica da mesma instituição.

A eleição no BID ocorreu após a saída do norte-americano Mauricio Clavier-Carone. Indicado para presidir a instituição pelo ex-presidente Donald Trump, Clavier-Carone foi destituído em assembleia do banco em 26 de setembro, sob a acusação de relações íntimas com uma funcionária e de retaliar funcionários que denunciaram a relação.

O banco estava sob comando temporário da hondurenha Reina Irene Mejía, vice-presidente do organismo. Com informações da Agência Brasil.

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