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A esmagadora de soja Imcopa, com sede em Araucária, divulgou ontem em seu balanço que teve perdas financeiras consideráveis com a desvalorização do real, o que levou a empresa a um prejuízo de R$ 141,5 milhões em 2008, e que encontra dificuldades para conseguir crédito. Com problemas de caixa, a companhia contratou uma consultoria para auxiliá-la no processo de renegociação das dívidas e mantém conversas com investidores que possam injetar capital no negócio.

No ano passado, a Imcopa perdeu R$ 151 milhões com a variação cambial e outros R$ 242 milhões em despesas financeiras. Em seu balanço, a companhia explica que foi afetada por dois fatores. Primeiro, parte de seus investimentos foram financiados em moeda estrangeira. Com a desvalorização cambial, houve um descolamento entre o valor em reais de seus ativos no Brasil e as dívidas no exterior. Além disso, a Imcopa fazia operações em que vendia dólares no mercado futuro – posição que, após a desvalorização, apareceu como uma perda no balanço.

O dado mais problemático, porém, é que a companhia deixou de cumprir cláusulas dos financiamentos. Com isso, dívidas que eram de longo prazo foram antecipadas. Refletindo essa situação, a agência de classificação de riscos Standard & Poors (S&P) rebaixou a nota de crédito da Imcopa na última quarta-feira. Até janeiro, a empresa tinha uma nota B. Naquele mês ela foi rebaixada para B-. Agora, ela passou para CCC-, que significa uma posição vulnerável para o cumprimento dos compromissos. As notas da S&P vão de AAA, a mais alta, até D.

Diz o relatório da S&P: "A liquidez da Imcopa é bastante fraca, uma vez que somente US$ 11,4 milhões, de sua posição de caixa de US$ 42,3 milhões em 31 de dezembro de 2008, não estavam dados em garantia, enquanto os vencimentos de dívidas de curto prazo somavam US$ 474,9 milhões na mesma data."

A empresa admite em seu balanço a dificuldade em encontrar linhas de crédito e rolar suas dívidas. Em 31 de dezembro, a Imcopa devia R$ 1,1 bilhão, a maior parte em moeda estrangeira. Para agravar ainda mais a situação, a crise também afetou seus clientes, que passaram a atrasar a retirada e o pagamento de produtos. A Imcopa tem cerca de 100 funcionários e vinha se firmando no mercado de derivados de soja convencional. Procurada pela reportagem, a companhia não se pronunciou sobre o balanço.

Alternativas

Segundo especialistas, o rebaixamento de uma nota de crédito significa que o custo para a rolagem de dívidas é maior. Isso não quer dizer que a companhia não terá condições de reestruturar os débitos. "Tudo depende do conhecimento que os bancos têm do lado operacional das empresas", diz Rogério Dequech, sócio diretor da Go4! Consultoria de Negócios.

No caso de a rolagem se tornar inviável, a companhia teria dois caminhos para conseguir capital: uma fusão ou a entrada de um sócio, como um fundo de investimentos. "Na agroindústria, a probabilidade maior é de aquisições, porque o setor tem grandes empresas com dinheiro em caixa e interesse em ganhar mercado. É difícil para um fundo concorrer", avalia Yves Jedoul, sócio da consultoria V2 Finance.

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