A disparada das importações "roubou" três pontos porcentuais do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Se as compras externas tivessem se mantido no mesmo patamar do ano passado, o crescimento econômico no período, em relação ao terceiro trimestre de 2009, teria ficado em torno de 10%, bem acima do resultado de 6,7% apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cálculo, feito pelo economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), leva em conta o crescimento da demanda interna, que bateu 10,1% no terceiro trimestre, na mesma base de comparação. A combinação da taxa de juros em nível relativamente baixo - para os padrões brasileiros - no último ano e meio, com uma política fiscal expansionista e uma capacidade ociosa no mundo, traz uma enxurrada de importados ao país.
"As exportações líquidas (exportações menos importações) contribuíram com 3,3 pontos porcentuais do resultado dessa demanda, que inclui o consumo das famílias, do governo e os investimentos, incluindo a variação de estoques da indústria", explica Levy. Ele concorda que o câmbio é o principal fator a empurrar para cima as importações, mas não o único. Também pesam na equação o crescimento da demanda interna, que levou a indústria a operar a plena capacidade, e o ajuste dos estoques industriais.
"A demanda aquecida é, de um lado, positiva, porque reflete o aumento forte dos investimentos, mas o ideal seria que viesse acompanhada de uma expansão da demanda doméstica, que não está ocorrendo na mesma proporção", comenta Levy. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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