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A imprensa europeia considerou este sábado que a atribuição do Prêmio Nobel da Paz para a União Europeia (UE) fez justiça a uma história "que rendeu 67 anos sem conflitos ao continente", mas estava dividida sobre sua pertinência em um momento em que esta instituição sofre sua pior crise.

Para alguns, a lembrança da importância do projeto comum deve dar aos europeus razões para acreditar e incentivá-los a continuar os esforços. Outros, principalmente na Grã-Bretanha e Alemanha, veem este Nobel como uma ironia pouco pertinente, em um momento em que a Europa não é mais que uma "combinação de Estados em falência".

Este prêmio "deve ser visto (...) como um chamado a prosseguir os esforços. Porque a paz se alimenta da coesão social, objetivo pulverizado pela crise", reportou o jornal La Libre Belgique. "Seria um erro acreditar que a paz foi conquistada definitivamente. O crescente nacionalismo e extremismo na Europa reflete o risco, que não deve ser submestimado, de um contragolpe", acrescentou.

O jornal Le Soir (Bélgica) considera, por sua vez, que "os cidadãos europeus, muitos dos quais têm motivos para se angustiar, devem tomar este prêmio como um lembrete do que a Europa foi até agora, um ator primordial da democracia e do progresso".

Esta também é a opinião do jornal de centro-direita La Stampa: "o prêmio chegou de surpresa em um dos momentos mais difíceis do processo de integração do continente, já que a crise continua afetando muitas famílias, que estão à beira de uma possível revolta social (...) Trata-se de um reconhecimento concreto em um caminho que rendeu 67 anos sem conflitos ao continente".

Na França, o jornal Libération (esquerda) considerou que "se requer uma desfaçatez colossal para conceder o prêmio Nobel da Paz à União Europeia em um momento em que, diante de uma crise que a supera (...), esta última parece se deixar absorver pelo declínio".

Para o jornal conservador francês, o Le Figaro considerou que esta recompensa é "um estímulo para uma Europa sacudida pela crise" e destacou que "o comitê norueguês premiou uma construção que pacificou de forma duradoura o continente".

Avaliação similar fez o alemão Die Welt: "o prêmio Nobel da paz recompensa um milagre e estimula continuar acreditando em milagres".

O Frankfurter Allgemeine Zeitung considerou o projeto europeu não como "um projeto do passado, mas uma missão para o futuro". O prêmio Nobel da Paz dará aos europeus a coragem de seguir trabalhando em sua obra comum".

No entanto, estas apreciações não são unânimes na Alemanha.

"Boa ideia, mal vencedor", avaliou a revista influente Der Spiegel: "ninguém pode criticar seriamente que o prêmio Nobel da Paz tenha sido concedido à União Europeia. Este é justamente o problema, é uma decisão mais fácil. Teria sido mais corajoso premiar um homem que encarna o que falta hoje em dia nas políticas europeias: Jacques Delors", ex-presidente francês da Comissão Europeia.

Como era de se esperar, a imprensa britânica também se mostra crítica, salvo o Financial Times, que considerou que o Nobel "reconhece, com razão, uma proeza histórica".

"O prêmio Nobel da Paz vai para a idiotice", exclamou o popular jornal Daily Mail (conservador), debaixo de uma foto de manifestantes gregos vestidos de nazistas durante a visita a Atenas da chanceler alemã Angela Merkel.

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