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No bolso

Brasileiros alavancados

Franco Iacomini, colunista de Finanças Pessoais

O conceito de "alavancagem" é muito conhecido na área econômico-financeira. Simplificando, estar "alavancado" significa usar dinheiro dos outros – emprestado de bancos, por exemplo – para atingir seus objetivos. Nos últimos anos, os brasileiros (pessoas físicas) estão operando dessa forma. Estão contraindo dívidas para comprar automóveis, eletrodomésticos, casas. E, de vez em quando, alguns têm falhado em manter essas contas em dia.

O caso clássico é o do financiamento imobiliário: o valor do empréstimo feito pelo banco para a compra da casa frequentemente é muito superior ao patrimônio do mutuário, o que corresponde à definição de alavancagem. Não há nada de errado com isso: é o tipo de aquisição que raras pessoas teriam condições de fazer apenas economizando – e, mesmo assim, demoraria demais. Além disso, o financiamento faz com que o sujeito reduza suas despesas (aluguel, por exemplo).

Alavancagem é ruim quando os recursos são investidos em bens que não irão resultar em renda nem em custos menores para a família. Esse é o problema do endividamento atual dos brasileiros. Em muitas situações, ele é provocado pela compra de bens que serão descartados em pouco tempo pela decadência tecnológica (computadores, celulares e tevês, por exemplo) ou que têm uma depreciação muito grande (um carro perde 20% de seu valor de mercado assim que é tirado da concessionária).

Pense nisso antes de fazer uma compra parcelada. Os juros brasileiros são muito altos. A mercadoria que você vai comprar vale o risco da dívida?

A inadimplência do consumidor brasileiro cresceu 21,5% em 2011 na comparação com o ano anterior, informou ontem a Serasa Experian. Esse é o maior nível de aumento desde 2002, quando o Indicador de Inadimplência do Consumidor cresceu 24,7% em relação a 2001. Na comparação de dezembro com o mesmo mês de 2010, a alta da inadimplência foi de 13,1%. Ante novembro do ano passado, o indicador apresentou queda de 2,5%.

Em nota divulgada à imprensa, a Serasa Experian atribui a ampliação da inadimplência em 2011 ao aumento da inflação, que reduziu o rendimento do trabalhador, e aos juros elevados mantidos durante a maior parte do ano passado e que reduziram a capacidade de pagamento das dívidas pelo consumidor. "Cabe destacar que o acúmulo de dívidas, de médio e longo prazos, vem desde 2010, ano em que as condições de crédito e do orçamento do consumidor foram mais favoráveis do que em 2011", informa a entidade.

A maior queda em dezembro ante novembro foi verificada nos protestos, que encolheram 11,5%. O valor médio dos títulos protestados, no entanto, cresceu 16% em 2011 na comparação com 2010 e atingiu o valor de R$ 1.372,86. O valor médio das dívidas com bancos nos 12 meses de 2011 foi de R$ 1.302,12, redução de 0,7% ante o mesmo período de 2010.

O valor médio das dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços) em 2011 ficou em R$ 320,63, queda de 17,3% na comparação com 2010. Os cheques sem fundo, por sua vez, apresentaram aumento de 8,4% sobre 2010, atingindo o valor médio de R$ 1.359,19.

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