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Redução das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio também pressionam o dólar. | Rodolfo Buhrer/Arquivo/Gazeta do Povo
Redução das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio também pressionam o dólar.| Foto: Rodolfo Buhrer/Arquivo/Gazeta do Povo

O dólar atingiu a cotação de R$ 3 nesta quarta-feira (4), mas perdeu força e fechou na casa de R$ 2,98, pressionado pela derrota do governo no Congresso em relação ao ajuste fiscal e pelas incertezas sobre o programa de intervenções do Banco Central no mercado cambial.

Preço em algumas casas de câmbio chega a R$ 3,18

  • são paulo

O preço do dólar nas casas de câmbio de São Paulo já varia de R$ 3,12 a R$ 3,18 para quem espera comprar a moeda em dinheiro, tornando mais caras as viagens ao exterior. Isso significa que, com mil reais, o turista poderá conseguir até US$ 315. A conta já considera a incisão do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38% sobre a quantia total.

Para quem quiser comprar a moeda já com o cartão pré-pago, o valor aumenta e pode chegar a R$ 3,33, já que o IOF da operação é de 6,38%. Algumas casas podem cobrar, ainda, um valor pelo cartão, que, em geral, fica em torno de R$ 12. Além disso, se o cliente quer receber o dólar em espécie em casa, precisa estar preparado também para a taxa de entrega. O valor fica em torno de R$ 30.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia com avanço de 2,56%, a R$ 2,978, maior patamar desde 18 de agosto de 2004, quando a moeda encerrou a R$ 2,987. Foi a maior alta diária do dólar desde 30 de janeiro deste ano. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou com alta de 1,77%, a R$ 2,98, maior valor desde 19 de agosto de 2004, quando era R$ 2,987.

Dólar alto ainda não beneficia exportadores

  • ribeirão preto

Desejo da indústria e de exportadores brasileiros, a alta do dólar se tornou realidade – com valorização de 25% em um ano e 10% só em 2015 –, mas ainda tem um efeito limitado para alavancar esses setores. Segundo especialistas e líderes empresariais, além de apenas corrigir as distorções acumuladas pelo controle cambial feito pelo governo, a valorização vem seguida de volatilidade.

O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, considera que a desvalorização rápida do real é “danosa para a indústria” no curto prazo, justamente por gerar incertezas e ainda inflação, em um cenário já turbulento para a economia.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, o dólar em torno de R$ 2,90 pelo menos evita a entrada de manufaturas estrangeiras no país e melhora o desempenho local.

A moeda foi pressionada por dúvidas sobre a possibilidade de o governo conseguir aprovar seu ajuste fiscal e impedir um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco.

Embate político

Pesou contra o gesto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que devolveu ao Palácio do Planalto, na noite de terça-feira (3), a medida provisória que reduz a desoneração de folhas de pagamento de empresas de diversos setores.

A presidente Dilma Rousseff está encontrando dificuldades para obter apoio no Congresso para as medidas de ajuste, que a sua equipe econômica considera essenciais para equilibrar as finanças do governo e recuperar a capacidade do país de crescer.

“A questão política interfere bastante na percepção dos investidores em relação à capacidade de o país levar adiante o ajuste fiscal necessário para manter o grau de investimento”, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

Para ele, a forte valorização da moeda americana em relação ao real ocorre da percepção do mercado de que o governo está com uma base frágil para levar adiante o ajuste fiscal necessário. “A perspectiva é que o cenário econômico se deteriore ainda mais ao longo do primeiro semestre, o que deve tornar mais difícil a implementação de novas medidas de austeridade fiscal necessárias para manter o grau de investimento”, ressalta.

Swap cambial

Além das dificuldades no Congresso, a moeda americana sobe também por causa da perspectiva de redução das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Desde a última segunda-feira (2), o BC tem feito leilões com um volume menor de hedge [proteção] cambial do que o habitual, o que fez os analistas acreditarem que serão renovados apenas 80% do total de US$ 9,96 em títulos que pagam a variação cambial em reais (o swap cambial tradicional).

“As sinalizações são de que o BC vai intervir menos no câmbio e focar na política monetária via juros como instrumento de política monetária”, afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

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