As incertezas existentes sobre a economia brasileira ganharam força após as manifestações deste domingo em Brasília, que resultaram na invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é de que o timing para mudanças na área fiscal está ficando mais apertado, o que pode adicionar mais pessimismo em relação aos ativos brasileiros.
“Esperamos mais sinais de que o governo conseguirá dissipar as preocupações fiscais do mercado, o que poderia levar as ações brasileiras a ganharem um impulso positivo graças a valorizações e dividendos atrativos, uma perspectiva de rendimentos melhorada respaldada pela abertura chinesa e um fortalecimento do dólar americano”, diz Nenad Dinic, estrategista do banco suíço Julius Baer.
A expectativa é de investidores mais apreensivos em relação ao Brasil, principalmente se os atos não cessarem. “Os investidores estarão atentos às consequências dessas manifestações e às novas ações a serem tomadas pelo atual governo”, aponta.
A Guide Investimentos ressalta que, mesmo diante das incertezas em torno da política econômica, bom funcionamento do mercado requer, primeiramente, um ambiente institucional estável. “Aparentemente, as manifestações já foram contidas em sua maior parte”, aponta relatório divulgado na manhã desta segunda (9).
O BTG Pactual aponta, em seu podcast matinal, que os acontecimentos deste domingo acrescentam mais volatilidade institucional e ruído, impactando as discussões na esfera econômica, particularmente em relação à questão fiscal.
A avaliação é que este cenário não facilita a vida do investidor estrangeiro, justamente no momento em que a China está promovendo uma abertura de sua economia, após uma rígida política de combate à pandemia da Covid-19.
Segundo analistas do banco, o Brasil tinha tudo para estar nos holofotes do mercado. No ano passado, entraram R$ 119,8 bilhões em capitais estrangeiros na bolsa, o maior volume desde o início da série histórica, em 2006.
"Dada a grande repercussão internacional dos eventos será importante monitorar o fluxo dos investimentos estrangeiros no Brasil", diz Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Pelo menos dois fatores vinham dando mais visibilidade ao Brasil nas últimas semanas: o fim das rígidas restrições na economia chinesa, a segunda maior do mundo, o que favorece a demanda por commodities e a situação mais delicada de outros destinos dos investidores em economias emergentes como a África do Sul, Chile e a Turquia.
A expectativa é de um dia mais tenso nos mercados. "A elevação na incerteza políticsa local deve levar os investidores a exigirem maiores prêmios de risco nos ativos domésticos", diz o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
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