Indefinição sobre IPI rende boas vendas

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No embalo da indefinição do governo em relação ao futuro do Imposto sobre Produtos Industrializados, as concessionárias de veículos do Paraná esperam que o próximo fim de semana – teoricamente, o último de IPI reduzido – seja o melhor da história do segmento. Muitas já pressionam as montadoras para apressar a entrega de modelos em falta e prometem campanhas de divulgação ainda mais intensas que as do último fim de semana – que, segundo a federação que representa as revendedoras do estado, teria registrado vendas recordes.

"Os números ainda não estão fechados. Mas, se somarmos as vendas de sexta, sábado e domingo, o fim de semana que passou certamente foi o melhor em vendas da história do mercado curitibano. Todo mundo promoveu feirões, e teve loja vendendo mais de 200 carros", conta Gláucio José Geara, diretor da regional paranaense da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-PR).

O diretor-superintendente da Slaviero, Luiz Antônio Sebben, estima que 240 carros tenham sido vendidos no feirão da Ford do fim de semana. "A tendência é que esse número aumente nos próximos dias, pois as condições de pagamento serão as mesmas que oferecemos no evento." André Mafra, gerente de vendas da Chevrolet Gran Park, conta que as vendas de sexta, sábado e domingo passado superaram em 20% o movimento normal. "O trabalho de divulgação foi muito forte. Esperamos manter esse desempenho no próximo fim de semana."

A exemplo de outros lojistas, Eros Nicanor, gerente da concessionária CCV, da Chevrolet, admite que há alguns desfalques no estoque – as montadoras foram surpreendidas pela demanda das últimas semanas, e já não se encontram tantas opções de modelos, cores e acessórios. "Mesmo assim, nossa expectativa é vender mais. A procura será grande, já que devem ser os últimos dias com IPI reduzido."

Segundo Geara, da Fenabrave-PR, o segmento trabalha com a hipótese de que a elevação das alíquotas do IPI será gradual. Poucos creem em prorrogação integral dos benefícios e, por outro lado, um retorno imediato aos patamares pré-crise é praticamente descartado. "Independentemente do que venha a ocorrer, a inconstância do governo, ora afirmando que não haverá prorrogação, ora que o IPI subirá gradualmente, motivou o consumidor e as concessionárias. Por isso, esperamos uma nova corrida às concessionárias a partir de sexta-feira."

De acordo com a Fenabrave-PR, as lojas do Paraná venderam 9,8 mil automóveis e utilitários nos primeiros quinze dias de junho, número 8,7% superior ao da primeira quinzena de maio, mas 7% menor que o de igual período de 2008. Se as lojas paranaenses repetirem nesta segunda quinzena o mesmo desempenho da primeira, o mês de junho chegará ao fim com vendas de 19,6 mil carros, superando a marca de 19,1 mil automóveis vendidos em março – quando os consumidores correram às revendedoras, temendo o fim da desoneração.

Se as expectativas se confirmarem, a questão é saber se haverá produto para atender à demanda. "Só não vamos bater novos recordes se faltar carro, já que estamos tendo problemas com o estoque", diz Gustavo Celante, gerente de vendas da concessionária Florença, da Fiat. O gerente da Toyota Sulpar, Danilo Ribeiro, conta que "será uma batalha" conseguir manter o aumento nas vendas no próximo fim de semana. "No último vendemos 17 veículos, 70% a mais que em um fim de semana normal. Nosso estoque diminuiu consideravelmente."

De janeiro até a metade de junho, foram vendidos 91,8 mil automóveis e utilitários no Paraná, volume 7% inferior ao do mesmo período de 2008 – queda que, segundo os lojistas, seria bem mais forte caso o IPI não tivesse sido reduzido. Em todo o país, a reação à desoneração foi mais intensa. Com vendas de 1,232 milhão de carros, o mercado brasileiro cresceu 1,7% neste ano.

Colaborou Daniel Castro

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