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Produção industrial registrou crescimento novamente em fevereiro |
Produção industrial registrou crescimento novamente em fevereiro| Foto:

Estímulo

Vendas de veículos batem recorde

A venda de veículos novos no país cresceu 17,9% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, batendo o recorde para os primeiros três meses do ano, com o emplacamento de 788,1 mil unidades.

Março isoladamente também apresentou a melhor marca mensal, com o impulso aos licenciamentos dado pelo último mês da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Foram 353,8 mil veículos (automóveis, comerciais leves, ônibus, caminhões) comercializados no país, o que ajudou o setor a dar uma contribuição forte para o crescimento da indústria nos primeiro meses do ano.

O volume é 14,6% superior ao recorde anterior, que havia sido batido em setembro passado. Naquele mês, também houve corrida às concessionárias devido à redução do tributo, cuja alíquota voltou a subir gradualmente em outubro. Ontem, a alíquota dos carros a álcool ou flex de mil cilindradas foi elevada de 3% para 5%. A dos veículos de até 2 mil cilindradas passou de 7,5% para 11%. Para caminhões, a isenção do tributo permanece até junho, quando a alíquota retornará a 5%.

André Beer, consultor do setor automotivo e ex-presidente da Anfavea (associação das montadoras), destaca que ainda haverá um "rescaldo’’ de licenciamentos que serão contabilizados neste mês. "A hora da verdade do mercado começa em maio’’, afirma, prevendo emplacamentos mensais em torno de 250 mil unidades e muitas promoções para atrair os clientes às lojas. "Ainda há muito espaço para crescer.’’

A opinião é compartilhada por Luiz Carlos Mello, do Centro de Estudos Automotivos (CEA). O ex-presidente da Ford no Brasil ressalta que, além da demanda reprimida, "há o mercado nascente, com o ingresso de parte da população que teve melhoria de renda e passou a ter acesso ao crédito’’. Na sua avaliação, a retomada de financiamentos, não o benefício fiscal, foi o principal fator a impulsionar vendas. "Mas, quando há vantagem [extra], por que não aproveitá-la?’’.

O incentivo, concedido em dezembro de 2008, foi uma das principais medidas anticrise do governo para estimular as vendas no setor. Em 2009, o emplacamento de carros cresceu 11,4% em relação a 2008.

  • Linha de produção da Renault: produção de veículos cresceu com as vendas recorde do primeiro trimestre

A produção industrial brasileira cresceu 1,5% em fevereiro deste ano em relação a janeiro, na segunda alta consecutiva. O resultado foi puxado principalmente pela expansão dos bens de consumo e dos bens de capital. Na comparação com fevereiro de 2009, quando o setor ainda vivia de forma mais intensa os efeitos da crise, a alta foi de 18,4%.Com o resultado, a produção voltou aos níveis verificados em maio de 2008. Também ficou apenas 3,2% abaixo do recorde verificado em setembro daquele ano. No caso dos fabricantes de bens de consumo semi e não duráveis, no entanto, o patamar pré-crise já foi superado em 1,6%. Esses segmentos sofreram menos com o desaquecimento da economia por serem mais voltados para o mercado interno e menos dependentes da oferta de crédito. Em fevereiro, a alta da produção dos bens não duráveis foi de 2,4% sobre janeiro.A segunda maior expansão, de 1,7%, foi verificada nos bens de capital, que inclui máquinas e equipamentos. "Esse setor perdeu ritmo nos meses de dezembro de 2009 e de janeiro deste ano. Ao voltar a crescer a essa taxa expressiva de 1,7%, fortalece as expectativas de vê-lo assumir a liderança da produção industrial, como ocorria antes de setembro de 2008, bem como confirma que os investimentos estão sendo retomados de modo mais consistente’’, diz boletim do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).Evolução

O economista André Macedo, do IBGE, ressalta que, desde abril de 2009, quando teve início a recuperação da produção de bens de capital, o setor acumula alta de 31,4%. Mesmo assim, a produção atual está 9,9% abaixo do de setembro de 2008. Como o setor está relacionado à expansão da capacidade produtiva, é indica o comportamento da indústria no futuro.

Nas outras categorias, a defasagem em relação aos níveis pré-crise é menor. Fica em menos 1,3% nos bens intermediários e em menos 0,7% nos bens de consumo duráveis. O primeiro grupo diminuiu o ritmo de produção em fevereiro, mas a queda de 0,5% é vista como uma "acomodação’’ após 13 meses seguidos de expansão. Já os bens duráveis tiveram alta de 0,7% sobre janeiro.

Macedo também destacou que o crescimento em relação a fevereiro de 2009 foi generalizado. Dos 755 produtos pesquisados, 72,1% tiveram produção maior neste ano. É o maior porcentual da série histórica iniciada em 2003. Dos 27 ramos industriais pesquisados, apenas dois produziram em fevereiro deste ano menos do que em fevereiro de 2009.

Duráveis

A produção de bens de consumo duráveis, que sofreu a queda mais abrupta após o agravamento da crise, deu no primeiro bimestre de 2010 a principal contribuição para a expansão de 17,2% da indústria em relação ao mesmo período de 2009 – a maior já verificada em um bimestre desde o início da série histórica, em 1991. O instituto verificou que o setor automotivo, com alta acumulada de 38,9% em janeiro e fevereiro, foi o principal destaque. Máquinas e equipamentos (37,8%), outros produtos químicos (29,9%) e metalurgia básica (34,7%) também contribuíram para o resultado.

Por categoria de usos, os bens de consumo duráveis tiveram alta de 30,2% no bimestre, seguidos pelos bens intermediários (20%), pelos bens de capital (19,1%) e pelos bens de consumo semi e não duráveis (8%). No caso dos veículos, pesaram a forte redução da produção no último trimestre de 2008, que deixou a base de comparação mais baixa, e as condições do mercado interno, com estímulos fiscais, expansão de renda e retomada do crédito. Apesar disso, o patamar de produção em fevereiro deste ano continuava 12,3% abaixo do de setembro de 2008.

"Após alguma acomodação no fim do ano passado em função da expectativa do que iria acontecer [com a redução dos estímulos fiscais], a demanda interna volta a puxar a produção’’, diz o economista Bernardo Wjuniski, da consultoria Tendências.

Segundo a economista Thaís Marzola Zara, da Rosenberg Consultores Associados, o mercado doméstico respondeu em fevereiro por 17 pontos porcentuais da alta de 18,3% da indústria de transformação sobre 2009. A demanda externa, embora crescente, contribuiu com apenas 1,3 ponto porcentual. Ela também acredita no crescimento do segmento de bens duráveis.

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