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Do ponto de vista industrial, a relação Brasil-China é "a pior possível". Proclamar que a China é o nosso principal parceiro comercial é algo simplesmente "irrelevante". Com essas declarações, o diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Ricardo Martins, não economiza críticas ao dragão chinês.

"Nosso concorrente tem privilégios que não temos. O governo chinês controla o câmbio, dá subsídios e não cobra a quantidade enorme de tributos como faz o Brasil. Com isso é claro que não podemos competir com eles", diz Martins. "Fica mais barato então comprar aço da China, feito com o nosso minério, do que comprar de uma siderúrgica brasileira", completa.

Ricardo também diz não acreditar que a China se manterá por muito tempo como o principal parceiro econômico brasileiro. "Os Estados Unidos só deixaram de ser nossos principais parceiros por causa da crise. Em 2010, com a retomada da economia, creio que eles voltam a ocupar o primeiro lugar em nosso intercâmbio comercial."

O economista Luiz Antonio Fayet, consultor da Con­fe­deração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também vê com ceticismo as relações comerciais entre Brasil e China. "Quantitativamente, a China pode ser sim o nosso maior comprador, só que de commodities, produtos de baixo valor agregado. Quali­tativamente, porém, o mercado chinês não ultrapassará a Europa, por exemplo. En­­quanto a China compra minério de ferro ou soja a US$ 300 por tonelada, o europeu adquire nossas carnes nobres a US$ 1,8 mil."

Para Fayet, o próprio crescimento da China (projetado em 9% para este ano) é duvidoso. "O modelo chinês não tem sustentabilidade. Como é que eles podem vender um cadeado mais barato do que o preço do ferro? Eles vivem da queima de reservas financeiras. É um país forte, mas altamente dependente em energia, matérias-primas e alimentos", diz.

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