Sondagem
Pequenos também estão pessimistas
O pessimismo da indústria não é exclusividade de grandes companhias. O recorte de micro e pequenas empresas da Sondagem Industrial, feito pelo segundo ano consecutivo, mostra que apenas 55,9% dos pequenos empresários têm expectativas favoráveis para o ano que vem. No ano passado, a perspectiva otimista era comum a 74,2% dos entrevistados.
Dificuldades
A sondagem revela que, neste ano, quase 10% das micro e pequenas empresas não tiveram sucesso quando procuraram uma linha de crédito. Outros 49% usaram recursos de terceiros, enquanto 41% trabalharam com recursos próprios.
"Um quarto das empresas que usam crédito fazem isso mensalmente. Isso mostra como é importante olhar para o financiamento das pequenas", diz o economista da Fiep Roberto Zurcher.
A elevação dos impostos prevista para o ano que vem também é um desafio para as pequenas, mesmo aquelas enquadradas no Simples para 75% das entrevistadas, a carga tributária é um problema para enfrentar a concorrência. "Micro e pequenas empresas não conseguem escapar, por exemplo, da alta no IPVA", diz o diretor-superintendente do Sebrae-PR, Vitor Tioqueta. "Foi uma elevação de 40% na alíquota e a maioria das empresas paga esse imposto."
A indústria do Paraná encara 2015 com o menor índice de otimismo já registrado pela pesquisa Sondagem Industrial, realizada desde 1996 pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo o levantamento, feito em parceria com o Sebrae-PR e que ouviu 310 empresas do estado, somente 57,4% dos entrevistados acreditam que a expectativa para o ano que vem é favorável. No ano passado, o índice foi de 76,5%.
INFOGRÁFICO: Veja as perspectivas do setor industrial para 2015
Nem mesmo nas crises de 1998, quando o país sentia os efeitos das crises do leste asiático e da Rússia, e 2008, quando houve o colapso do sistema de financiamento imobiliário nos Estados Unidos, os empresários da indústria estavam tão pessimistas. "Há uma grande incerteza neste momento", explica o presidente da Fiep, Edson Campagnolo. "Vemos o aprofundamento das denúncias na Petrobras e os novos governos aumentando impostos."
Segundo o economista da Fiep Maurílio Schmitt, a redução na capacidade de consumo no Paraná provocada pela elevação de impostos será de pelo menos R$ 1,6 bilhão. "O consumo das famílias vai cair e esse é um fator relevante neste momento", diz. Ele lembra que a carga tributária já é apontada há alguns anos como o principal problema para a competitividade das empresas para 76,6% dos entrevistados, essa é uma dificuldade encontrada no dia a dia.
Nesse cenário de incerteza macroeconômica, as empresas terão de acentuar seus projetos para aumentar a produtividade, segundo Campagnolo. O levantamento da Fiep mostra que, neste ano, 40,7% das indústrias obtiveram algum ganho com o gerenciamento de pessoal, o que mostra a importância do treinamento da mão de obra para melhorar processos e elevar a produção. Outros 31,7% fizeram algum tipo de modernização tecnológica neste ano.
Apesar do ganho de produtividade, muitas empresas ainda estão atrasadas tecnologicamente, principalmente quando comparadas a concorrentes internacionais: quase 42% dos pesquisados dizem usar tecnologias defasadas internacionalmente.
Câmbio
Um dos fatores que podem ajudar a indústria a ganhar competitividade é a alta do dólar, que, nesta semana, quebrou a barreira de R$ 2,70. Uma conta feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o PIB do setor industrial pode ter um ganho de 0,4 ponto porcentual devido à desvalorização do real.
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