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Fábrica de motores na região metropolitana de Curitiba: setor puxou aumento na folha da indústria paranaense | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Fábrica de motores na região metropolitana de Curitiba: setor puxou aumento na folha da indústria paranaense| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Análise

Número reflete 2009 fraco, diz economista

Segundo o economista André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE, o crescimento recorde de 4,2% no emprego industrial em maio de 2010 ante o mesmo mês do ano anterior – melhor resultado da série iniciada em dezembro 2000, similar ao resultado de outubro de 2004 – reflete uma base de comparação muito deprimida do ano passado, quando a ocupação industrial havia caído 6,1% em maio.

Apesar da ressalva, ele avalia que "há um maior ritmo de contratações, independente dos efeitos da base". Macedo observou que o tombo provocado pela crise no mercado de trabalho industrial foi tão forte que, mesmo com a recuperação do emprego no setor, em curso desde julho do ano passado, o patamar da ocupação ainda está 3% abaixo do ponto recorde, que foi registrado em setembro de 2008, antes dos efeitos das turbulências internacionais sobre o setor.

Segundo Macedo, o ritmo de reação do emprego está sempre aquém da produção porque tradicionalmente as contratações são retomadas de forma mais lenta, já que envolvem custos elevados e necessidade de confiança na economia em longo prazo. No que diz respeito à queda de 0,9% na folha de pagamento real do setor em maio ante abril, Macedo explicou que considera o resultado uma "acomodação" e os dados negativos de abril e maio, ante o mês anterior, ocorrem após expansões significativas apuradas no início do ano. Segundo ele, ao contrário da ocupação, o patamar da folha de pagamento industrial já retornou ao patamar de antes da crise.

A pesquisa do IBGE ainda apontou que o emprego industrial no país subiu 0,3% em maio em relação a abril. No acumulado do ano, o emprego registra alta de 1,9% e, nos 12 meses encerrados em maio, queda de 2,6%. De acordo com o IBGE, em 2010 a folha de pagamento real acumula alta de 3,8% e, nos 12 meses encerrados em maio, queda de 0,9%.

Agência Estado

O índice de emprego relacionado ao pessoal ocupado na indústria paranaense cresceu 1,8% em maio, comparado com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice não só é inferior aos 4,8% registrados no Brasil, como também é o menor entre os estados pesquisados. Mas, se a indústria está contratando menos, por outro lado o Paraná teve 10,4% de aumento no valor da folha de pagamento real (em relação a maio de 2009), contra 3,7% no país. Apenas Pernambuco e a média conjunta das regiões Norte e Centro-Oeste superaram o Paraná neste indicador. O resultado da folha de pagamento é impulsionado tanto pelas negociações sindicais, que trouxeram ganhos reais aos salários, quanto pelo aumento da demanda de alguns setores. Quem mais contribuiu para o bom resultado em folha foram as indústrias de meios de transporte (25,8%), má­­quinas e equipamentos (23,5%), produtos químicos (42,5%) e alimentos e bebidas (5,5%).

"O emprego e o número de horas pagas, bem como o acréscimo na folha de pagamento real, estão diretamente ligados à produção industrial. E no Paraná assistimos à recuperação dos três índices relacionados ao emprego", explica Fernando Abritta, economista da coordenação de indústria do IBGE. Abritta também destaca que, apesar de a produção industrial no estado já ter voltado aos patamares pré-crise, os números relacionados ao emprego ainda caminham nessa direção.

"É como se a gente estivesse acumulando o crescimento de um período em que houve uma grande retração salarial. A crise de 2008 fez as negociações estancarem em 2009 e os resultados de agora refletem essa recuperação", avalia o economista Christian Luiz da Silva, professor de Economia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Ele lembra que abril e maio tradicionalmente são meses em que são feitos acordos sindicais, dissídios coletivos e outras negociações com o objetivo de reajustar salários. A economia nacional forte e aquecida favoreceu os acordos entre patrões e empregados e o resultado pode ser percebido no aumento de quase todos os índices relacionados ao emprego no Paraná.

Salário inicial

Outro fator que puxou o índice para cima é o salário de ingresso. Com o aumento da demanda por mão de obra e a relativa escassez de candidatos qualificados ao trabalho na indústria, as companhias passaram a oferecer salários melhores para tentar atrair novos funcionários. "O número de vagas também tem aumentado, o que significa que, além de novas contratações, os funcionários também têm feito mais horas extras", comenta o economista Cid Cordeiro, supervisor-geral do Dieese no Paraná. Tudo reflexo de uma produção industrial que cresce mês a mês, impulsionada pelo aquecimento da economia nacional.

O destaque negativo nas folhas de pagamentos da indústria paranaense ficou por conta de apenas dois setores: o de refino de petróleo e produção de álcool (-41,4% na comparação com maio de 2009, e -10,8% no acumulado de 2010) e o madeireiro (-10,3% e -1,1% respectivamente). Em relação às empresas de refino, segundo Abritta, os pagamentos da participação nos lucros aos funcionários, que normalmente ocorrem em maio, ainda não foram feitos. Já no caso das madeireiras, acrescenta o economista do IBGE, trata-se de um segmento que vem caindo gradativamente graças à pressão dos órgãos ambientais e às restrições dos importadores em relação à madeira brasileira.

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