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Tributos

Indústria tem a maior fatia das infrações detectadas pelo Fisco

Estudo mostra que empresas estão mais vulneráveis ao controle da autoridade fiscal

Elton John participou do Viajazz Music Festival, em Madri, no início de julho | Sergio Perez-Reuters/Gazeta do Povo
Elton John participou do Viajazz Music Festival, em Madri, no início de julho (Foto: Sergio Perez-Reuters/Gazeta do Povo)

Entre os anos de 2001 e 2006 a Secretaria da Receita Federal emitiu 58.579 autos de infração contra pessoas jurídicas – resultado de omissão de receitas, despesas e créditos compensados de forma incorreta, alíquotas ou benefícios fiscais incorretos. O crédito total apurado ultrapassou a marca de R$ 254 bilhões, segundo o "Índice de Vulnerabilidade Fiscal das Empresas Brasileiras", estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que tem sede em Curitiba.

Em números absolutos, o comércio foi o setor que mais recebeu autos, 20.145 (34,4% do total) – mas é também o que tem o maior número de empresas. Em valores, no entanto, coube à indústria o maior porcentual: 30% do total, ou R$ 76,28% bilhões.

"Os Fiscos têm se aprimorado cada vez mais, com bancos de dados que têm muitas informações", diz o presidente do IBPT, Gilberto Amaral. Por parte do governo federal, diz Amaral, o aumento do rigor é notório, e tem se baseado principalmente por dados de CPMF das empresas, entre outros cadastros. "Mas estados e municípios também estão mais rigorosos."

O acesso aos dados de cada pessoa jurídica está mais ágil e mais eficiente, graças à permuta de informações entre as três esferas do fisco. Ainda de acordo com o estudo do IBPT, a criação da Receita Federal do Brasil – resultado da fusão entre a Receita Federal e a Receita Previdenciária – também facilitou a troca de informações e aumentou o combate à evasão fiscal.

Em 2006, especificamente, entrou em vigor uma série de tecnologias para acompanhamento e controle da movimentação financeira e patrimonial das empresas. O estudo cita, em especial, o software Harpia – sistema de inteligência artificial desenvolvido em parceria com a Unicamp e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). O sistema desenvolve o perfil de cada contribuinte ao longo dos anos, o que permite acompanhar qualquer variação expressiva nas transações. O Harpia também faz o cruzamento das informações de CPMF, cartão de crédito e operações entre empresas.

De acordo com o presidente do IBPT, o Fisco tem se especializado e o número de autos tem crescido ao longo do tempo, mas o número de empresas autuadas diminuiu. "Os valores são muito maiores também. Isso porque as pequenas irregularidades, como dados diferentes em uma declaração e outra, são registradas por notificação eletrônica, não através de um fiscal e um auto."

Amaral acredita que uma parte das irregularidades pode ser conseqüência da complexidade do sistema tributário brasileiro. "Alguns autos também estão irregulares. Mas a grande maioria tem consistência, o que mostra que o contribuinte tinha o intuito de fraudar a declaração."

Para o presidente da Federação das Associações Comerciais e industriais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel, no entanto, o porcentual maior é resultado de erros involuntários. "É claro que existem casos de maus empresários, que tentam burlar a Receita. Mas muitos que querem declarar corretamente acabam cometendo equívocos. Mesmo os contabilistas muitas vezes não conseguem acompanhar a legislação."

O presidente da Faciap espera ainda que a RF atue no combate à informalidade com o mesmo rigor com que vem acompanhando as empresas regularizadas. "A formalização e a manutenção desses consultores qualificados traz custos elevados para os empresários. Enquanto isso, há todo um universo de informalidade que atua de forma predatória."

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