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Veja no infográfico porque as férias escolares de fim de ano estarão mais caras |
Veja no infográfico porque as férias escolares de fim de ano estarão mais caras| Foto:

Famílias recorrem a programas caseiros

Em época de férias, a pracinha e a rua central que corta o condomínio Castel Gandolfo, no bairro Santa Felicidade, nunca ficam vazias, diz Soraya Seoane, 37 anos, mãe de Nicole (10 anos) e Tiago (8 anos). Ao todo, são cerca de dez crianças com idades entre 2 a 10 anos, que se reúnem sempre para brincar no quintal coletivo – economia para os pais durante as férias, já que muitas vezes a criançada prefere ficar no condomínio com os amigos a fazer programas mais caros, como passear no shopping, ir ao cinema ou lanchar fora de casa.

Soraia diz que costuma envolver os filhos e as outras crianças do condomínio em atividades alternativas, como piqueniques e filmes em casa – programas mais baratos e caseiros. "Mas é impossível manter as crianças sempre em casa e longe dos gastos extras", acredita a fotógrafa, que tenta administrar o lado econômico estabelecendo limites para cada programa e negociando com os filhos para não exceder os gastos.

Para Fabiana Santos, 37 anos, mãe de Nicole (9 anos) e Manuela (6 anos), a grande vantagem de morar em condomínio é que as crianças têm companhia para brincar. Assim, a família acaba saindo menos – e gastando menos. "Mas, quando o tempo está chuvoso, a tendência é que as crianças queiram fazer programas fora de casa, como parque de bolinhas ou shopping. Nas férias, a permanência e os gastos nesses locais aumentam porque tudo está supervalorizado", diz Fabiana. A programação das férias da família – que vai passar alguns dias na praia e depois visitar a família em Maringá – começou em julho, com a pesquisa de lugares e preços e a reserva antecipada. Apesar dos gastos a mais com acomodação, alimentação e transporte, Fabiana garante que está tudo dentro do orçamento da família. "Planejar é fundamental", salienta.

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  • Fabiana, Soraya (no fundo, da esquerda para a direita) e as crianças do condomínio: brincadeira em conjunto custa menos

O jogo de cintura exigido dos pais na hora de administrar o orçamento familiar será ainda mais importante no período de férias escolares. Um cálculo feito pela Gazeta do Povo, usando os dados de 22 produtos e serviços, mostra que a "inflação das férias", no acumulado de novembro de 2010 a outubro de 2011, subiu acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país – mesmo para quem vai passar os meses de verão em casa.

O levantamento considerou itens tradicionais das férias: guloseimas, lazer e gastos com viagens (como passagens aéreas e hotéis). Para quem pretende sair de casa nos meses de verão, o reajuste médio da "cesta de férias" selecionada pela Gazeta foi de 10,90%. Para as famílias que ficarão em casa, os custos avançaram ainda mais: 12,82%, no acumulado de novembro de 2010 a outubro de 2011. No mesmo período, o IPCA medido em Curitiba foi de 8,14%.

Na capital paranaense, os reajustes acumulados mais expressivos foram verificados nos itens que correspondem à alimentação fora do domicílio. Das 11 capitais pesquisadas para a obtenção dos dados do IPCA, Curitiba é a que teve o maior aumento: 17,88%. Entre os itens que subiram acima da inflação e têm impacto no orçamento nas férias estão refeições (aumento acumulado de 21,80%), refrigerantes (15,67%), lanches (12,18%) e doces (11,37%).

Em julho, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) havia demonstrado, por meio da pesquisa de itens e serviços, que as férias de meio de ano já estavam mais caras quando comparadas ao mesmo período de 2010, tanto para quem optasse por viajar quanto para quem resolvesse ficar em casa. Mas, para André Braz, economista da FGV, o cenário piorou desde julho, sobretudo com relação aos serviços. "Ficar em casa pode representar alguma economia, mas comer fora de casa estará mais caro nas próximas férias", afirma o economista da FGV, que também alerta os viajantes para gastos ainda maiores.

Seja de avião ou de carro, os custos para quem decidiu viajar nas próximas férias também serão mais elevados – os preços da passagem aérea, da gasolina e do etanol também subiram acima da inflação média de Curitiba, com aumento respectivo de 72,37%, 8,38% e 25,48% no acumulado do ano.

Verão econômico não precisa ser verão chato

Para Altemir Farinhas, consultor de finanças pessoais e educação financeira, a aposta para não restringir demais os programas e a diversão da criançada durante as férias sem comprometer o orçamento familiar com gastos que não estavam previstos é o planejamento conjunto. "Sentar com as crianças e definir a programação e o dinheiro disponível para gastar durante o período de férias pode ser uma ótima alternativa para envolvê-las na busca de soluções amigas do bolso", diz o consultor.

Para quem vai viajar, Farinhas afirma que a compra antecipada das passagens e a reserva do hotel podem representar uma boa economia. Além disso, a dica é procurar alternativas mais baratas, como pousadas, e estabelecer prioridades – quem não vai passar muito tempo no hotel não precisa gastar muito com hospedagens luxuosas. É importante delimitar o roteiro e tomar cuidado com programas que não estavam planejados, pois eles podem dar surpresas desagradáveis ao bolso.

Para quem vai ficar em casa, a dica do consultor é reunir outros pais e promover atividades em parceria, apostando em atividades mais econômicas. É importante ter consciência de que os gastos começam assim que se sai de casa, e por isso é fundamental estabelecer limites. Passeios mais econômicos, como piqueniques e atividades ao ar livre, são as grandes apostas para gastar menos.

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