zona do euro
Nota da Grécia é rebaixada
Folhapress
A agência de classificação financeira Standard & Poors reduziu ontem em dois graus a nota da Grécia, de "BB-" para "B", diante da probabilidade crescente de que o país tenha de reestruturar sua dívida. A nota B significa risco especulativo, ou seja, a Grécia não está no grupo de países mais seguros para se investir. A agência advertiu que o país está sob perspectiva negativa e que um novo rebaixamento pode ser anunciado.
Um ano depois de um pacote de resgate da União Europeia e do FMI, a Grécia ainda está lutando contra uma profunda recessão, alimentando rumores de que terá de reestruturar sua dívida para sair da atual crise fiscal. "Na nossa visão, há grande risco de que a Grécia vai tomar ação para reestruturar os termos de sua dívida comercial, incluindo os títulos do governo previamente emitidos", disse a agência em comunicado. A S&P disse ainda que os países da zona do euro provavelmente pedirão aos credores que estendam o prazo de pagamento, enquanto o governo considera reduzir as exigências do pacote de resgate que salvou a Grécia da falência.
Trichet prefere não comentar medidas em uso no Brasil
O Brasil está seguindo o receituário do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para lidar com a inflação ao adotar medidas macroprudenciais, elevação de juros e corte de gastos. Mas o porta-voz do grupo, Jean Claude Trichet, prefere não se comprometer e aponta que não irá julgar se as medidas no Brasil estão ou não dando resultados.
O superaquecimento nos países emergentes e a consequente inflação são ameaças tão grandes à economia mundial quanto a situação fiscal e dívida das economias ricas. O alerta é do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, que discursou ontem em nome dos maiores BCs do mundo. A avaliação dos xerifes das finanças é de que a pressão inflacionária gerada em economias como Brasil, Índia, China, Indonésia e outros países representa um perigo real à recuperação da economia mundial, e são necessárias ações decisivas para frear a tendência.Nos últimos dois dias, os principais presidentes de BCs de todo o mundo entre eles o brasileiro Alexandre Tombini, que passou o tempo todo sem dar declarações aos jornalistas estiveram reunidos na Basileia para debater a situação internacional. Trichet, que serve de porta-voz do grupo, foi claro em alertar que a economia mundial, apesar de crescer, sofre ameaças preocupantes.
Trichet não hesitou em apontar as dívidas dos países europeus como um desses riscos, freando investimentos, ampliando o desemprego e o comércio. Na zona do euro, a dívida vem causando um caos no mercado financeiro e no valor da moeda única e, para muitos, os pacotes apresentados para salvar Grécia, Irlanda e Portugal não estão dando resultados. Trichet alerta que cabe a esses governos promover cortes profundos em seus gastos como forma de dar uma solução à crise da dívida.
Silêncio
Em um sinal claro de crise, BCs europeus se mantiveram totalmente calados ontem durante o encontro, deixando a palavra apenas para Trichet. Para fontes que estiveram no encontro, a atitude dos europeus foi uma demonstração de que estão preparando medidas para os próximos dias em relação à sua situação.
O francês, porém, comparou a inflação nos emergentes à crise da dívida nos ricos, apontando que seria um "risco equivalente" para o sistema. " A situação fiscal, principalmente na Europa, é um assunto importante e terá de ser melhorada para enfrentar as deficiências que enfrentamos", disse. "Mas outro ponto com que temos de lidar é o potencial superaquecimento de vários países emergentes", disse.
Segundo Trichet, esse fenômeno é decorrente da recuperação das economias emergentes. "O superaquecimento pede políticas que permitam um esfriamento. Sem isso, os países estarão sempre em uma situação menos favorável", alertou. Para o presidente do BCE, os emergentes precisam garantir uma expansão apropriadamente controlada e evitando altos e baixos. "Prevenir esse cenário é parte das medidas obrigatórias dos BCs", cobrou.
Cobranças
A reunião deste fim de semana foi marcada acima de tudo pela cobrança dos países ricos aos emergentes em torno de um controle da inflação, o que irritou alguns governos. Europeus e americanos temem que uma pressão inflacionária nos emergentes acabe afetando suas próprias economias. O problema é que, com uma taxa de crescimento baixo, europeus e outros países ricos não têm como elevar juros, sob o risco de abafar a tímida recuperação. Para os ricos, portanto, apenas uma ação por parte dos emergentes pode agora frear a inflação, tema que foi martelado ontem pelos países ricos.
Analistas que participaram do encontro acreditam que a declaração dos países ricos é injusta. Mas também apontam que ela seria um reconhecimento de que é o ciclo econômico dos emergentes que hoje determina em parte a situação mundial, e principalmente estabelece se mecanismos adotados pelos países ricos têm alguma utilidade real.
Recuperação
Apesar dos riscos, Trichet aponta que não há dúvidas de que a economia mundial voltou a crescer e que essa tendência pode ser saudável. "A recuperação está confirmada. Isso não é novo. Mas é importante dizer, pois tivemos alguns altos e baixos, além de volatilidade. Mas, nesse estágio, não há um sentimento de que possamos ter uma nova recaída à recessão", disse.
No caso do Japão, Trichet acredita que o desastre natural terá um impacto na economia, mas ela se recupererá ao fim do ano. "Isso tudo mostra que eventos naturais pedem que estejamos ainda mais alertas no lado econômico", disse.
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