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Críticas Reunião acentua divergências e oposição defende BC

Brasília – A sessão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado serviu ontem para acentuar as divergências entre o Banco Central e o senador Aloízio Mercadante (PT-SP). Saiu em defesa do presidente do BC, Henrique Meirelles, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que é oposição ao governo. "Sabemos que a grande oposição ao Banco Central é do PT, que sequer está aqui prestigiando a presença do presidente do Banco Central", interveio ACM, no debate tratado entre Mercadante e Meirelles.

O senador Mercadante tentou amenizar o clima dizendo ter sido um dos maiores defensores, no passado, dentro do Senado, da política monetária do governo e foi atacado novamente pelo senador tucano, também da oposição, Tasso Jereissati (CE). "Mais um talento do senhor: defender sem acreditar", disse Jereissati a Mercadante.

O senador petista Eduardo Suplicy (SP) interveio, solicitando a Mercadante que deixasse a presidência da CAE por alguns instantes durante o tempo em que estivesse interpelando Meirelles. Mercadante então, contrariado, passou a presidência da comissão ao vice-presidente da CAE, senador Eliseu Resende.

O fato é que Mercadante cobrou do presidente do BC uma explicação sobre a redução do ritmo de cortes de juros decidida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na reunião de 23 e 24 de janeiro deste ano, o Copom reduziu a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 0,25 ponto porcentual, para 13% ao ano. Nas reuniões anteriores, durante o ano passado, o Copom vinha reduzindo os juros em 0,5 ponto porcentual a cada encontro.

Brasília – A inflação baixa não é um fator impeditivo para o crescimento do país, disse ontem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. "O problema do Brasil não é a inflação, muito menos a inflação baixa. São outros os problemas que estão sendo discutidos nessa Casa, como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", afirmou.

A declaração foi uma resposta ao questionamento do senador Aloízio Mercadante (PT-SP), que criticou o ritmo lento de corte da taxa básica de juros, aliado ao fato de a inflação registrada no ano passado (3,14%, pelo IPCA) ser abaixo da meta de 4,5% do BC.

Eletro

O presidente do BC afirmou ainda que não é possível conduzir a política monetária para que a inflação fique exatamente na meta e comparou a evolução dos preços a um eletrocardiograma. "Uma linha reta indica que o cidadão já morreu. A inflação é também um organismo vivo."

Ele lembrou ainda que a taxa Selic elevada contribui para que os investidores estrangeiros apliquem no Brasil em busca de uma remuneração elevada, o que reduz a cotação do dólar.

"O que está se pedindo é que a inflação não fique tanto tempo abaixo da meta. Há espaço para uma queda [dos juros]", disse o senador, que já foi líder do governo no Senado.

As expectativas de inflação para este ano e o próximo apontam para um IPCA abaixo da média, o que tem gerado críticas ao Banco Central. Meirelles defendeu o BC, dizendo que outros países emergentes também apresentam inflação. Ele acrescentou que os juros brasileiros, embora elevados, estão hoje apenas 7,75 pontos porcentuais distante da taxa americana. Em setembro de 2005, comparou, a diferença era de 16,25 pontos.

Mais dólar

O presidente do Banco Central também defendeu a manutenção do programa de recomposição de reservas internacionais para aumentar a confiança no país. Desde 2004 o BC tem comprado dólares no mercado para elevar as reservas. Esse movimento se intensificou nas últimas semanas, após o BC reduzir o ritmo de queda dos juros e o dólar cair abaixo de R$ 2,10.

As reservas alcançaram US$ 99,716 bilhões anteontem – último dado disponível. Somente em fevereiro as compras superam US$ 8 bilhões. Para comprar esses dólares, o governo é obrigado a emitir títulos públicos, que pagam os maiores juros reais do mundo. Para Meirelles, entretanto, o custo para a compra de dólares deve ser encarado como um "seguro".

"A questão não é saber o diferencial entre o custo de captação e o rendimento das reservas e sim avaliar o resultado global. O resultado global é o aumento da confiança, a redução do risco e, conseqüentemente, a redução do custo", disse Meirelles.

Para ele, o risco de se trabalhar com reservas baixas é o aumento do risco de insolvência. Ele lembrou que durante a década de 90, na época da crise asiática, houve países que não conseguiram honrar suas dívidas devido ao baixo nível de reservas.

O presidente do BC também afirmou que é importante observar que a relação dívida/PIB está em queda e que há previsibilidade na economia.

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