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Alimentos foram um dos grandes vilões da inflação no início de 2024| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo

A alta nos preços afeta mais a população de baixa renda (com rendimento domiciliar de R$ 2.105,99) no início deste ano. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os preços para esta camada da população aumentaram 1,44% no primeiro bimestre, 65% a mais do que a alta para a população de alta renda, que tem rendimento domiciliar mensal superior a R$ 21.059,92).

Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de pesquisa do Ipea, aponta que a alimentação no domicílio foi o principal foco inflacionário para as classes de renda mais baixa em fevereiro. Itens como arroz (3,7%), feijão (5,7%), batata (6,8%), cenoura (9,1%), ovos (2,4%) e leite (3,5%) registraram altas expressivas.

O transporte também impactou, com reajustes nas passagens de ônibus urbano (1,9%) e do transporte público por integração (9,4%).

Para as classes de renda média e alta, a maior pressão inflacionária veio do grupo educação, influenciado pelo aumento das mensalidades escolares (6,1%).

O cenário continuou em março: a prévia da inflação, o IPCA-15, registrou uma alta de 0,91% para os alimentos e bebidas. Itens como cebola (16,64%) e banana prata (12,33%) estão entre os que mais aumentaram.

Expectativas de inflação para os próximos meses estão diminuindo

As expectativas para a inflação nos próximos meses estão diminuindo. Bancos, corretoras e consultorias projetam uma alta de 3,75% no IPCA para 2024, segundo o relatório Focus do BC. Há quatro semanas, a sinalização era de uma alta de 3,8% para os preços neste ano.

A XP Investimentos reviu sua projeção de 3,7% para 3,5%, apontando a queda nos preços de grãos como um dos fatores relevantes. Eles atingiram patamares baixos recentemente. A corretora aponta que há espaço para queda adicional na cotação do milho.

As expectativas no curto prazo são favoráveis para a safrinha. Segundo o Bradesco, algumas consultorias estão com uma perspectiva altista para a produção. A área plantada deve ser maior do que a esperada, mas ainda menor do que no ano passado. O clima também tem se mostrado mais favorável.

A instituição destaca que as previsões meteorológicas apontam clima positivo nas próximas semanas, o que pode resultar em menor queda de produtividade. O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) apontou alta expressiva dos abates no estado: 36%.

A antecipação de recursos da Eletrobras deve aliviar os preços de energia elétrica. O governo deve utilizar recursos da privatização de empresa para quitar as dívidas relacionadas às contas de “escassez hídrica” e “conta covid”.

Os impactos podem ser maiores. O governo federal tem interesse em redistribuir custos do setor para os clientes do mercado livre de energia, o que traria queda adicional nos preços medidos pelo IPCA.

"La Niña" causa preocupações para o segundo semestre

Uma das preocupações em relação à inflação para o segundo semestre é a possibilidade de ocorrência do fenômeno climático “La Niña”, caracterizado pelo esfriamento excepcional das águas do Oceano Pacífico Central.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) estima que a chance do “La Niña” alterar o regime de chuvas no segundo semestre é de 62%. O fenômeno climático deve produzir efeitos a partir de agosto.

Segundo a equipe de análise rural do Itaú BBA, o “La Niña” pode atrasar o retorno das chuvas, além dos riscos de redução no volume a partir de setembro em importantes áreas de produção agrícola. A redução de chuvas, se confirmada, pode afetar as lavouras de verão no Sul do Brasil.

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