
Com a escalada da inflação, que perdurou por quase todo o ano, o curitibano tem dificuldade em ver vantagem nos preços praticados na cidade. A inflação acumulada no ano é de 5,45% na cidade, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas os alimentos, a alta é de 11,85%, o segundo índice mais alto entre nove capitais pesquisadas.
A pensionista Balbina Pinto Pecuch reclama dos atuais preços. "Até pode ser mais barato em comparação a outras capitais. Mas ainda é muito caro". Ela conta que, há alguns anos, fazia a compra de uma semana "tranqüilamente" com R$ 100. "Hoje, se você voltar com três sacolas, já é muito."
O bancário Gilmar Forchezatto também diz que o custo de vida em Curitiba "já foi bem mais barato". Para ele, com o crescimento da cidade, os aluguéis e preços de imóveis subiram muito. "Isso acabou impactando no custo de outros setores, como da educação particular, por exemplo", opina. Mas ele acredita que os preços na cidade ainda estão em um patamar inferior aos de outras cidades. "Acho que Curitiba não só é a mais barata, como a que tem melhor qualidade", afirma.
Há pouco tempo na cidade, vinda de Foz do Iguaçu, a administradora Beatriz Ramires Wedech diz que achou muito caros os apartamentos na cidade. "Mas, em relação à alimentação, tenho gasto bem menos". Por ter vindo de uma cidade menor, Beatriz também tem sentido diferença no custo com deslocamentos.
Crise
O economista Cid Cordeiro, do Dieese, disse, no começo de dezembro, que ainda era cedo para prever se a crise econômica iria pressionar ainda mais a inflação ou gerar uma queda de preços. "Há muita instabilidade. Pode haver variações tanto para cima quanto para baixo. O que está faltando são parâmetros para a gente conseguir mensurar o alcance da crise."
Na quarta-feira passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu sinalizar uma queda na taxa de juros, prevendo já o arrefecimento da inflação. "Deve haver mesmo uma acomodação de preços. Como as commodities, de um modo geral, caíram, e a economia deve crescer menos, a alta de preços será muito menor", diz Judas Tadeu Grassi Mendes, do Estação-Ibmec.
Reportagem publicada pela Gazeta do Povo no domingo passado mostra que, com queda nas cotações do petróleo, soja e milho, a inflação dos alimentos deve dar uma trégua em 2009. No entanto, caso o dólar continue a subir, os preços de vários produtos acompanharão a alta. (RF)




