Às vésperas de conquistar o sonhado investment grade (grau de investimento) - que classifica o Brasil como investimento seguro no mercado internacional e é recompensa pelos esforços na melhora dos fundamentos econômicos, o país ainda está longe de reverter a falência da infra-estrutura. Nos últimos anos, enquanto os indicadores macroeconômicos avançavam, os setores de transporte, energia, saneamento e aéreo foram relegados a segundo plano.
Levantamento feito pela Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) mostra que, nos últimos quatro anos, o setor (excluindo o aéreo) recebeu, em média, 63% dos investimentos necessários. O dinheiro para transportes e saneamento não ultrapassou 35% do necessário; energia elétrica e petróleo e gás ficaram na casa de 69%; e telecomunicações, que não é mais problema, 102%.
De acordo com cálculos da Abdib, para evitar que esses setores se transformassem em entraves ao crescimento da economia, seria necessário investir de forma ininterrupta R$ 87,7 bilhões por ano durante uma década. De fato, houve uma melhora nos níveis de investimentos neste governo. Mas o volume ainda é insuficiente, especialmente porque há uma reação da economia interna.
"Hoje vivemos a síndrome do se. Se chover não temos apagão elétrico; se a maré subir, o navio atraca no porto; se não viajar, não congestionamos os aeroportos", lamenta o diretor do Departamento de Infra-Estrutura (Deinfra) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio da Silva, que prevê piora do cenário se o governo não acordar logo e puser seu discurso em prática.
Descompasso
O trágico acidente do Airbus da TAM, na terça-feira, é um sinal da gravidade do problema. Dez meses antes, outro desastre com um Boeing da Gol matava 155 pessoas e dava início ao caos aéreo. De lá para cá, atrasos e cancelamentos de vôos tornaram-se rotineiros, assim como a insegurança das viagens. A bagunça instalada no setor reflete bem o descompasso entre investimento e alta da demanda - provocada pela melhoria da renda e expansão do crédito.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimentos de R$ 3 bilhões entre este ano e 2010. Mas a Infraero estima que, além desse volume, seria necessário investir mais R$ 10 bilhões em obras, como um terceiro aeroporto em São Paulo, a construção da terceira pista de Guarulhos e a adaptação dos aeroportos brasileiros para pousos e decolagens de aviões modernos, de 800 lugares.
Lançado em janeiro deste ano, o PAC prevê investimentos de R$ 500 bilhões no período. Até agora, no entanto, a execução do programa não convenceu ninguém. "Há uma grande frustração em relação ao PAC", diz Silva. Segundo ele, é preciso trabalhar firme para que a prosperidade do País não seja barrada por esses entraves.
-
Deputada norte-americana defende que EUA retirem visto de Moraes; leia entrevista exclusiva
-
Nova projeção aponta possibilidade de cheia ainda maior do Guaíba em Porto Alegre
-
De Neymar a dona Ieda: conheça histórias de heróis sem farda em meio à tragédia no RS
-
Lula posta vídeo e diz que mães do Rio Grande do Sul não estão sozinhas
Aposentados de 65 anos ou mais têm isenção extra de IR, mas há “pegadinha” em 2024
Esquerda não gostou de “solução” para o rombo compartilhada por Haddad; o que diz o texto
A “polarização” no Copom e a decisão sobre a taxa de juros
Bolsonaro 5 x 4 Lula: BC se divide sobre juros e indica rumo após saída de Campos Neto
Deixe sua opinião