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A empresa opera 21,3 mil km no Sul do país e na Argentina | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
A empresa opera 21,3 mil km no Sul do país e na Argentina| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Com dificuldades para tocar os investimentos em infraestrutura de transportes, o governo decidiu adotar nova estratégia e entregar alguns dos empreendimentos mais rentáveis à iniciativa privada. A presidente Dilma Rousseff anunciará hoje um pacote de concessões em rodovias e ferrovias que será composto por empreendimentos que até então estavam no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a maioria deles para serem tocados pelo governo.

As concessões serão amarradas a metas de execução, com prazos detalhados. Todo esforço é para escapar do que os técnicos chamam de "síndrome OHL", uma referência à concessionária espanhola que arrematou trechos de rodovias federais no leilão de 2007, mas teve dificuldades em entregar os investimentos prometidos.Agora, as concessões deverão ter planos detalhados a cada ano. Essa fórmula já foi usada na concessão da BR 101 no trecho que liga o Espírito Santo à Bahia, cujo leilão ocorreu em janeiro. O governo também pretende ser mais rigoroso, punindo as concessionárias que não investirem com redução nas tarifas, em vez de apenas multas, como prevê a regra da BR-101. Os contratos terão duração de 25 anos.

O Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI), que será apresentado para uma plateia composta por mais de 30 empresários, prevê investimentos para os próximos 30 anos. O objetivo é mobilizar o investimento privado e combater as baixas taxas de crescimento previstas para 2012 e 2013. O pacote foi "fatiado". O anúncio desta quarta será focado nos projetos de rodovias e ferrovias. No dia 29 será a vez dos portos e, no dia 5 de setembro, dos aeroportos.

Do pacote de rodovias, devem fazer parte os trechos mineiros da BR 116 e da BR 040, que já constavam do PAC como futuras concessões. Também devem estar na lista projetos que seriam executados pelo Ministério dos Transportes, como a duplicação da BR 101 na Bahia, da BR 163 entre Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS) e da BR 262 entre Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES).

Em ferrovias, deve constar a construção do trem-bala, que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Depois de três tentativas fracassadas de leilão, o governo agora vai assumir o risco de a demanda de passageiros ficar abaixo do esperado.

FerroviasNovo modelo de contrato faz ALL se interessar por mais concessões

Cristina Rios

A América Latina Logística (ALL) tem interesse em explorar os novos trechos de ferrovias que o governo federal vai colocar à disposição da iniciativa privada como parte do novo pacote de concessões. Segundo o superintendente financeiro de relações com investidores da empresa, Alexandre Rubio, a companhia acredita que o modelo de concessão que está sendo estudado – em que a empresa investiria em material rodante e o governo em material permanente – pode ser interessante porque exige recursos financeiros. "Ainda não sabemos dos detalhes do pacote, mas em princípio, pode ser viável, com um parceiro", afirma.

A novidade grande do novo modelo de leilão é que a arrecadação com outorgas não vai mais engordar o cofre do Tesouro, mas será investido no próprio projeto. Em princípio serão concedidas à iniciativa privada 8 mil quilômetros (oito vezes a distância entre São Paulo e Brasília) de novas ferrovias que serão construídas e operadas pela iniciativa privada.

A ALL, que administra atualmente 21,3 mil quilômetros de malha ferroviária no Brasil e na Argentina, está investindo R$ 800 milhões em 2012 – desses, R$ 650 milhões no crescimento orgânico e R$ 150 milhões no complexo intermodal de Rondonópolis (MT), projeto que termina esse ano e está orçado em um total R$ 700 milhões desde 2009.

Lucro

A companhia fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 154 milhões, o que representou uma queda de 17,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No semestre, o lucro foi de R$ 151,6 milhões, diminuição de 18,6%.

De acordo com Rubio, o resultado se deveu à quebra de mais de 15% na safra agrícola brasileira na região de atuação da companhia e ao fraco desempenho das vendas da indústria. No ano passado, a empresa também incluiu na conta um lucro não recorrente de R$ 34 milhões referente à criação da subsidiária Brado logística, fruto da fusão com a Standard Logística. A empresa detém ainda as coligadas Ritmo Logística e Vetria Mineração.

A perspectiva para o segundo semestre é de uma melhora da demanda de grãos, puxada pela boa safrinha de milho. O setor industrial, no entanto, ainda apresenta um cenário desafiador, principalmente em função da redução da atividade econômica.

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