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Um dos macacos utilizados no experimento, registrado por câmera  dos pesquisadores no momento da retomada dos movimentos. | Reprodução/Youtube EPFL
Um dos macacos utilizados no experimento, registrado por câmera dos pesquisadores no momento da retomada dos movimentos.| Foto: Reprodução/Youtube EPFL

Cientistas da Suíça publicaram, esta semana, os resultados de um método científico que conseguiu recuperar o movimento de dois macacos com paralisia, depois de mais de uma década de pesquisas. Utilizando uma interface neuroprostética - ou seja, uma prótese cerebral -, o recurso estimula o movimento, e agora os pesquisadores estão procurando meios de aplicá-lo em humanos.

As informações são do site do Instituto Suíço Federal de Tecnologia (EPFL, sigla em francês) , em Lausanne, responsável pela pesquisa.

O método, que poderá ser uma alternativa para que pessoas paraplégicas ou tetraplégicas voltem a se movimentar, consiste em estabelecer um contato entre a decodificação cerebral e o estímulo da medula espinhal. E esse procedimento realizado na tecnologia “é completamente novo”, como explica Jocelyne Bloch, neurocirurgiã do Hospital Universitário de Lausanne e responsável por fazer o implante dos softwares nos macacos.

Assista ao vídeo de explicação sobre a pesquisa

Como funciona

Segundo a publicação, a interface funciona por meio do processamento dos sinais de atividade cerebral ligados aos movimentos. O software emite esses sinais à medula espinhal, em pontos específicos, através de eletrodos que estimulam o cérebro e os músculos das pernas. Tudo isso, por um sistema sem fios.

“Entendemos como extrair sinais cerebrais que codificam a flexão e a extensão, que são os movimentos da perna, com um algoritmo matemático”, esclarece o neurocientista Gregoire Courtine, chefe do estudo na EPFL, ao site.

Neurocirurgião Gregoire Courtine segura um cérebro simulado em borracha contento a prótese neural (esquerda) e outros mecanismos que compõe o software. EPFL

Em sistemas nervosos intactos, os comandos para andar vêm de uma região pequena (aproximadamente do tamanho de uma moeda de dez centavos nos primatas) do cérebro chamada de córtex motor. Os sinais do córtex motor viajam pela medula espinhal, atingem as redes neurais localizadas na região lombar, e estes, por sua vez, ativam os músculos das pernas para produzir movimentos de caminhada.

Quando ocorrem lesões na medula, no entanto, esses sinais são impedidos parcialmente ou completamente de chegarem aos neurônios que ativam os músculos da perna, levando à paralisia. Mas o córtex motor ainda possui a capacidade de produzir sinais de caminhada, assim como as redes neurais que ativam os músculos na perna ainda podem gerar movimento. E o sistema desenvolvido pelo estudo consegue restabelecer a ligação entre o cérebro e o músculo.

Surpreendentemente, assim que o implante foi realizado um dos macacos logo conseguiu utilizá-lo, sem nenhum tipo de treinamento. Enquanto isso, o segundo macaco precisou de cerca de duas semanas de treinamento, mas também teve o uso bem sucedido.

Aplicação humana

Pesquisas anteriores mostraram que implantes semelhantes puderam restaurar o movimento e controle de mãos robóticas e, em um caso, a mão paralisada de um paciente. A forma como os músculos das pernas funcionam, no entanto, é muito mais complexa, por isso a nova pesquisa é muito relevante.

Courtine já tem conduzido testes em pessoas com paralisia na Suíça, utilizando uma versão simplificada da tecnologia em duas pessoas com lesões na medula espinhal. Porém os resultados e uma aplicação real ainda devem demorar alguns anos para acontecer, conforme o site do Instituto.

Veja um vídeo* sobre o estudo

*Para legendas em português, é preciso escolher a língua clicando no ícone de engrenagem, na barra inferior do vídeo. Em seguida, basta clicar no menu “legendas” e escolher “traduzir automaticamente”.

Colaborou: Cecília Tümler

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