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Atendente mostra produtos da Nest como lâmpadas, fechaduras e termostatos inteligentes durante conferência para desenvolvedores do Google | JUSTIN SULLIVAN/AFP
Atendente mostra produtos da Nest como lâmpadas, fechaduras e termostatos inteligentes durante conferência para desenvolvedores do Google| Foto: JUSTIN SULLIVAN/AFP

Semana passada, Tony Fadell, co-fundador da Nest, empresa de aplicações inteligentes para casa, decidiu deixar a direção da companhia. O anúncio foi uma surpresa, mas não tão grande assim.

Os problemas que cercam a empresa, que foi comprada pelo Google, são de conhecimento público. Mas as questões que pairam sobre a Nest estão longe de estarem restritas à companhia – ao contrário, afetam toda a indústria de casas inteligentes (conhecidas pelo termo smart homes, em inglês), no geral.

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A Nest chegou a ser vista como a desbravadora que apresentaria a todos a revolução das casas inteligentes. Quando o Google comprou a empresa em 2014 por US$ 3,2 bilhões, essa expectativa pareceu fazer sentido – afinal, o Google já estava guiando a vida online dos usuários, e o negócio poderia dar à gigante das buscas uma forma de estar presente em suas vidas offline também. Ou, para ser mais preciso, fazer a vida offline ser parte da online.

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Naquele momento, o carismático Fadell pareceu ser a figura perfeita de um pioneiro, considerando sua experiência com produtos na Apple que ele poderia aplicar à visão mais ampla de computação do Google.

Acontece que, ao fim, a Nest se mostrou uma inspiração bem abaixo do esperado. A empresa demorou para lançar seus produtos. E, quando o fez, não foi sempre com sucesso.

O detector de fumaça da companhia, chamado Nest Protect, chegou com problemas logo no início, que obrigaram a empresa a desativar seu recurso mais inovador: a habilidade do usuário agitar as mãos abaixo do aparelho para desligar o alarme (era uma especificação particularmente atrativo para cozinheiros que, vez ou outra, deixam a comida passar do ponto).

A empresa também encarou várias reclamações públicas sobre um software defeituoso que, como o The New York Times chegou a escrever, deixava literalmente as pessoas com frio. E, mais cedo neste ano, a Nest anunciou que deixaria de oferecer suporte ao Revolv, uma central para smart homes que adquiriu ao comprar a firma de mesmo nome em 2014.

Todos esses entraves serviram, de certo modo, para destacar os problemas que consumidores estão tendo com o mercado de casas inteligentes. Parece empolgante ter termostatos, lâmpadas, fornos e sistemas de segurança que se antecipam a cada movimento do usuário. Mas a realidade tem se mostrado bem menos promissora: trata-se de um mercado disperso repleto de aplicações que ocasionalmente funcionam com alguns, mas não todos, dos sistemas disponíveis.

E, talvez o que seja ainda mais revelador, apesar dos problemas públicos que a Nest está enfrentando, nenhuma companhia tem se posicionado como uma alternativa à empresa do Google.

Potencial

Além disso, tirando os chamados early adopters (usuários que adotam uma tecnologia assim que ela é lançada), os consumidores estão neste momento tendo alguns problemas para se conectarem às suas casas inteligentes com rapidez. Para as pessoas que não têm o tempo para descobrir como suas lâmpadas irão conversar com suas caixas de som inteligentes – e pensar em senhas para cada um desses produtos –, o conceito de smart home ainda parece fazer parte de um futuro visto apenas no desenho animado dos Jetsons.

O mercado de casas inteligentes ainda é certamente promissor – mas isso também implica em reconhecer que seu pleno potencial só será visto bem à frente. O Echo, da Amazon, o vindouro Google Home e os rumores sobre um device inteligente com a Siri, da Apple, têm apelo junto aos usuários devido à possibilidade de funcionarem como assistentes pessoais que podem lhe acompanhar da sua casa para o seu carro e então para o seu escritório.

Mas, por enquanto, estas centrais domésticas ainda soam como mera novidade em vez de serem parte essencial das nossas vidas. E sem companhias como a Nest para levar adiante essas inovações, as centrais perdem grande parte do seu apelo.

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