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Instalação de fibra óptica no interior do Paraná: infraestrutura foi o quesito em que o Brasil teve a melhor avaliação | Marco Martins/Gazeta do Povo
Instalação de fibra óptica no interior do Paraná: infraestrutura foi o quesito em que o Brasil teve a melhor avaliação| Foto: Marco Martins/Gazeta do Povo

O Brasil tem a pior oferta de internet, mas é um dos países com maior potencial de crescimento desta área entre 13 países pesquisados pela consultoria McKinsey Global Institute, que realizou um estudo sobre o impacto da internet no crescimento da economia e na geração de empregos. O estudo revela ainda que a internet responde por 3,4% de toda a atividade econômica das nações pesquisadas, que representam juntas mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além do Brasil, a pesquisa foi feita no Reino Unido, Japão, Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, Itália, Rússia, China, Suécia, Índia e Coreia do Sul.

A participação da internet no PIB brasileiro é menor do que a média mundial – no Brasil, apenas 1,5% do PIB é composto pela atividade virtual. Só na Rússia a internet tem uma participação inferior ao Brasil: 0,8%. Na outra ponta da tabela está a Suécia, com 6,3% do PIB vindo da internet. Por essa diferença ser tão grande, porém, o estudo salienta que, devido à força da economia brasileira, há uma tendência de que a participação da internet no PIB aumente nos próximos anos.

Avaliação

Entretanto, o Brasil tem muitos desafios pela frente, já que atualmente possui a pior oferta de internet entre os países pesquisados. O índice médio do Brasil, calculado pela McKinsey Global Institute, é de 28 – os Estados Unidos lideram com 76 em uma escala de 0 a 100. A pior nota do Brasil (14) é no quesito "capital financeiro", e a melhor em "infraestrutura" (oito países tiveram índice 60, a nota máxima, e o Brasil tem 39, à frente de Rússia, Índia e Itália).

Outro dado da pesquisa mostra que, para cada emprego destruído com o advento da internet, 2,6 novas vagas foram geradas. O estudo toma como base uma análise da economia francesa: embora tenham sido fechadas 500 mil vagas nos últimos 15 anos por causa da internet no país, 1,2 milhão de novos empregos foram criados na França. "Esta conclusão é corroborada pela pesquisa da McKinsey PME global, que encontrou 2,6 novos empregos para cada um destruído", explica a pesquisa.

Controvérsias

Apesar desse incremento de novos empregos, há quem acredite que o advento da internet não tenha dado grande contribuição para a geração de renda e qualidade de vida em comparação com outras revoluções, como o surgimento da energia elétrica e a popularização dos automóveis, por exemplo. O professor de Economia da Universidade George Mason (EUA) Tyler Cowen, em artigo no jornal americano The New York Times (publicado pela Gazeta do Povo em 6 de março), afirmou que computadores pessoais e smartphones trouxeram benefícios, mas não acrescentaram renda aos americanos. "Em comparação com o amplo progresso obtido em décadas passadas, quando o mundo moderno foi de fato construído, as ideias atuais parecem beneficiar um número relativamente pequeno de indivíduos. Se a alta nos rendimentos continuasse no ritmo anterior a 1973, por exemplo, a renda familiar média do norte-americano seria de US$ 90 mil ao ano, contra os atuais US$ 50 mil", escreveu no artigo.

Citando o livro de Cowen The Great Stagnation ("A Grande Estagnação", inédito no Brasil), o colunista do The New York Times David Brooks compara a geração de empregos da indústria automotiva com a das empresas da internet. Enquanto foram criados milhões de novas vagas com a popularização dos carros, escreve Brooks, o Facebook emprega 2 mil pessoas; o Twitter, 300; e o eBay, cerca de 17 mil. "São necessários apenas 14 mil funcionários para fabricar e vender iPods, um equipamento que ajuda a acabar com a ocupação das pessoas que fabricam e vendem CDs – o que significa que ele provavelmente gera perdas no mercado de trabalho. Como bem observa Cowen, muitas das inovações tecnológicas atuais produzem um enor­­me ganho de felicidade, mas pouquíssima atividade econômica", ressalta, em outro artigo.

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