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A crise de caixa da Petrobras e os desdobramentos da Operação Lava Jato já afetam os investimentos da empresa. A estatal investiu R$ 11 bilhões em obras e equipamentos no primeiro bimestre deste ano, o que representa uma queda de 17% em relação ao valor desembolsado no mesmo período de 2014, já descontada a inflação. Foi o menor investimento, para meses de janeiro e fevereiro, desde o início de 2009. Os dados foram levantados pela organização Contas Abertas, que atualizou os valores dos últimos anos pelo IGP-DI, da Fundação Getulio Vargas.

A redução nos desembolsos da Petrobras tem impacto significativo sobre a economia. Principal estatal do país, a empresa costuma responder, sozinha, por cerca de 10% de todos os investimentos brasileiros em máquinas e construção civil ou o equivalente a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

O ritmo de execução do orçamento também caiu. No primeiro bimestre do ano passado, a companhia havia investido 15,7% do programado para o ano todo. Neste ano, o porcentual foi de 13,2%. O próprio orçamento anual está menor: baixou de R$ 84,6 bilhões no ano passado para R$ 83,5 bilhões neste ano.

Os números levantados pelo Contas Abertas trazem ao menos um aspecto positivo: o desenvolvimento do pré-sal está em ritmo acelerado. Principal ação da estatal neste ano, o trabalho na província petrolífera consumiu R$ 1,9 bilhão no primeiro bimestre, o equivalente a 44% do programado para o ano todo.

Eletrobras

Segunda maior estatal do país, a Eletrobras também está investindo menos neste ano. Segundo o Contas Abertas, a gigante do setor elétrico gastou R$ 444 milhões em janeiro e fevereiro, 18% menos que no início de 2014. Em valores atualizados, trata-se do menor investimento dos últimos dez anos. O porcentual de execução do orçamento no primeiro bimestre também caiu, de 5,3% para 3,9% do investimento programado para o ano todo.

Alta do dólar eleva dívidas da Petrobras em 31%, segundo o CBIE

  • rio de janeiro

Além das dificuldades de acesso a crédito, a Petrobras tem sofrido com a depreciação cambial dos últimos seis meses. Considerando o último balanço não auditado, referente ao terceiro trimestre de 2014, a estatal teria elevado em 31% suas dívidas, segundo estudo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Nesse cenário, o indicador de alavancagem da companhia chegaria a 51% – máxima histórica, que indica a fragilidade financeira da estatal.

A companhia reconhece uma dívida líquida de R$ 262 bilhões nos dados financeiros não auditados do terceiro trimestre de 2014, divulgados em janeiro. A variação cambial entre outubro e março poderia elevar esse montante para cerca de R$ 360 bilhões, segundo as estimativas do CBIE.

“A parte da dívida atrelada ao dólar é 70% do total. O dólar se valorizou de R$ 2,45 para R$ 3,20 no final de março, cerca de 30%. O real também se desvalorizou em relação ao euro, o que significa que quase 80% da dívida aumentarão em relação ao terceiro trimestre”, explica a analista Luana Furtado.

Mantidas as parcelas de dívida em cada moeda, a alavancagem líquida da companhia subiria para 51% – acima dos 35% recomendados pelo Conselho de Administração. Na última versão do planejamento estratégico da companhia, divulgado em junho, a previsão era encerrar 2015 com alavancagem de 42,3% e chegar a 33% já em 2017.

As projeções consideram o cenário registrado no relatório financeiro não auditado, divulgado em janeiro, mas com dados de setembro. Desde então, a companhia pode ter quitado parte dos débitos e revisto os dados de patrimônio líquido e Ebtida, que pesam sobre a alavancagem.

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