Pela primeira vez desde agosto de 2009, o investimento estrangeiro direto (IED) conseguiu cobrir a saída de dólares gerada pelo déficit em conta corrente do país. Em setembro, o IED totalizou US$ 5,39 bilhões, melhor resultado para o mês desde 2008, enquanto que o déficit em conta corrente (transações de comércio exterior, serviços e rendas) foi de US$ 3,85 bilhões, o pior setembro desde 1998. Segundo o BC, em outubro o IED tende a ser novamente suficiente para financiar o saldo negativo da conta corrente.
Apesar da melhora das contas externas em setembro e outubro, o cenário ainda é tido como ruim. No acumulado de 12 meses encerrados em setembro, o déficit em conta corrente soma US$ 47,3 bilhões, ou 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que o IED no período somou US$ 30,9 bilhões, ou 1,57% do PIB. Para cobrir a diferença de US$ 16,4 bilhões, o país precisou de investimentos externos em renda fixa e ações mais "voláteis" que os investimentos diretos , e empréstimos tomados pelas empresas no exterior.
Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o quadro reflete a combinação do crescimento mais acelerado da economia brasileira em comparação com o resto do mundo, além do real valorizado. "Enquanto o Brasil crescer mais que o mundo, não tem jeito, ainda mais com essa taxa de câmbio."
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, é cedo para dizer que o ritmo mais forte do IED veio para ficar. No entanto, projetos adiados por causa da crise já estariam sendo desengavetados, afirmou.



