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A galerista Zilda Fraletti (à esquerda) e a colecionadora e investidora Marlene Pereira | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
A galerista Zilda Fraletti (à esquerda) e a colecionadora e investidora Marlene Pereira| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Orientação

Saiba como investir em arte com segurança

Vivencie

Para Zilda Fraletti, dona da galeria de mesmo nome, o mais importante é aliar o investimento ao prazer estético, isto é, comprar obras de qualidade que agradem também aos olhos. Assim, o primeiro passo é frequentar museus, exposições e galerias. "É fácil descobrir onde os eventos estão acontecendo. É preciso ir para exercitar o olhar. É importante saber o que se gosta, e o que não se gosta também."

Estude

Para escolher bem e encontrar as obras com maior potencial de valorização, é preciso conhecer o mercado, saber sobre história da arte e tendências. "A arte não pode ser enxergada somente como decoração ou algo parecido, é um objeto de investimento", analisa Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria.

Escolha bem onde comprar

Esteja atento às boas galerias, com imagem reconhecida e que estejam há bastante tempo no mercado. O mesmo vale para as empresas leiloeiras. "Tem de saber a procedência da obra, sua veracidade, senão pode acabar comprando algo que não é verdadeiro", alerta Guilherme.

Conheça seu perfil de investidor

Adquirir o quadro de um artista em início de carreira é mais arriscado, por exemplo, que comprar um assinado por um nome mais consolidado. Porém, a tendência de valorização é muito mais rápida no primeiro caso – quanto mais a carreira do artista se desenvolve, mais cresce o preço de sua produção. No segundo caso, o mais provável é uma valorização mais lenta, porém sem tanto risco de queda.

Conheça o trabalho do artista

O autor tem produção mais rápida ou lenta? Participa de exposições nacionais e internacionais? Há crítica sobre ele? Essas são perguntas que podem ajudar a clarear o horizonte de tempo do investimento.

Um negócio com grandes possibilidades e espaço para expansão. Assim os especialistas têm definido o mercado de artes no Brasil. "O mundo abriu os olhos para a arte brasileira. Há vários artistas daqui fazendo exposições individuais internacionais e isso ajuda a legitimar os valores que estão sendo atingidos", analisa Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria, de Curitiba. Estima-se que o mercado de arte movimente R$ 500 milhões no Brasil ao ano. "Mas, sabe-se que este é um negócio que envolve muito sigilo, não só no Brasil como em todo o mundo. Logo, este número pode chegar a R$ 1 bilhão", afirma Heitor Reis, sócio do fundo de investimento Brasil Golden Art (BGA).

Comprar obras de arte é um investimento de longo prazo, cuja estratégia é, basicamente, esperar sua valorização. Em um contexto de incertezas econômicas, a atividade pode ser uma alternativa de proteção da poupança contra depreciações – é mais uma opção para diversificar o portfólio. Apesar de ser considerado um investimento complementar, seus ganhos podem ser altos. O retorno depende, em grande parte, de uma boa escolha e do timing certo para vender. "Como qualquer investimento, tem de saber bem do mercado. É como a bolsa de valores: você conta com corretoras, com pessoas que dão todo o respaldo para que o investimento seja feito com segurança. Em arte, é a mesma coisa", explica Guilherme.

O sucesso da modalidade é tanto que já existe, inclusive, um fundo de investimento específico. O BGA foi o primeiro no Brasil voltado às artes plásticas. O projeto foi iniciado em novembro de 2010 e, nos 15 dias abertos para captação, foram obtidos R$ 40 milhões com 70 investidores. Até agora, já foram adquiridas 550 obras, todas de artistas nacionais e a maioria em arte contemporânea. "Temos um portfólio completo, com todos os artistas brasileiros emergentes e consagrados que têm relevância", afirma Heitor. A venda das obras deve acontecer em até três anos e meio.

Também é possível investir via leilões e galerias de arte. Em ambos os casos, o investimento inicial é menor do que no fundo. A diferença é que, nos leilões, é essencial entender de história e história da arte, garantindo uma boa aquisição. Ainda, só é possível comprar obras de artistas já consolidados – a disputa de preços só se garante desta forma. No caso das galerias, o próprio curador acaba servindo de "consultor". "A galeria escolhe os ativos que representa para mostrar aos seus clientes", explica Guilherme, fazendo uma analogia com o mercado financeiro. "Fazendo a compra certa, o retorno sobre o investimento em uma obra de arte pode ser muito maior que em fundos de renda fixa ou variável", complementa.

De fato, o retorno de uma boa aquisição é de encher os olhos. Uma obra de Alfredo Volpi, por exemplo, que era vendida por US$ 5 mil em 1984, hoje chega a custar US$ 1 milhão – 200 vezes mais. O curitibano Tony Camargo, cuja produção varia de desenhos a esculturas, teve a obra valorizada em 100% nos últimos quatro anos.

Blue chips

Atualmente, a preferência dos investidores é a arte contemporânea. Adriana Varejão e Sérgio Camargo, por exemplo, são alguns dos nomes com retorno garantido – os chamados blue chips. "Blue chip" é um termo com origem nos cassinos. No pôquer, as fichas azuis (blue chips, na tradução) são as mais valiosas. A expressão foi transferida para o mercado financeiro por analogia. Na arte, da mesma forma, as blue chips trazem mais segurança.

Compra via consórcio atrai iniciantes

Em Curitiba, já há opções para quem está interessado em adquirir obras de arte sem que pese no bolso. Zilda Fraletti, dona da galeria com o mesmo nome, organiza grupos para facilitar a compra de quadros na loja. "São grupos de dez pessoas que pagam um valor fixo mensal durante dez meses. A cada mês, fazemos uma reunião e um sorteio. Quem é sorteado recebe um crédito no valor total a ser pago para comprar uma obra na galeria", explica.

A galerista conta que ela viu o conceito pela primeira vez em 1984, em Londrina. Na época, chegou a aplicá-lo em Curitiba. Depois de muito sucesso, por motivos pessoais, ela se mudou para São Paulo e parou de fazer os consórcios. Só no ano passado, a pedido de alguns clientes, é que retomou a prática. "Ao todo, já são cerca de 40 investidores, divididos em alguns grupos", conta.

Nas reuniões mensais, Zilda promove conversas sobre o mercado de arte, geralmente com a participação de um artista. "Não é palestra, nada assim. É um bate-papo, as pessoas perguntam o que querem, trocamos ideias sobre novas artes, curiosidades", afirma. Dentre os que já estiveram presentes, figuram nomes como Juliana Fuganti e André Mendes, artistas curitibanos que já tiveram sua obra exposta fora do país.

Marlene Pereira é uma das clientes que participam do projeto. "Vou mais por intuição. Tenho alguns artistas prediletos e me aconselho com a Zilda. Quero comprar algo que eu goste, mas que seja de um bom artista. Zilda me considera como uma investidora porque estou tomando este cuidado", explica. A colecionadora já tem 16 quadros. "Fui a exposições dos mesmos autores de algumas obras que tenho e percebi que os meus quadros já valorizaram bastante", diz. Por enquanto, ela não pensa em vender.

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