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Vendas

Aumento provocou corrida às concessionárias, segundo Abeiva

Agência Estado

As vendas de veículos importados no Brasil atingiram 22.569 unidades em setembro, uma alta de 10,5% em relação a agosto, de acordo com informações divulgadas ontem pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). Na comparação com setembro do ano passado, houve aumento de 90,8%.

Na avaliação da entidade, a alta foi motivada por uma corrida dos consumidores às concessionárias para comprarem os veículos importados antes do repasse de preços por causa do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos que não tenham 65% de índice de nacionalização. "Nossa expectativa para setembro era de ficar entre 16 mil e 18 mil unidades emplacadas, mas com o novo IPI houve uma corrida às concessionárias, já que o estoque na rede de revenda estava garantido com preços sem o repasse", afirmou, em nota, José Luiz Gandini, presidente da Abeiva.

Segundo o executivo, os próximos 15 meses serão difíceis para as importadoras. "As filiadas vão permanecer ativas no mercado brasileiro", ponderou. A Abeiva representa hoje 27 marcas, que possuem 800 concessionárias em território nacional e uma fatia de 5,9% do total do mercado no Brasil.

A decisão do Brasil de elevar o Im­­posto sobre Produtos Industria­­lizados (IPI) para veículos importados foi questionada ontem durante reunião do comitê de acesso a mercados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Durante o encontro, que ocorre periodicamente em Genebra, representantes de Japão, Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia – que abrigam algumas das maiores montadoras do mundo – pediram à delegação brasileira explicações sobre a medida, que teve como objetivo claro proteger a indústria nacional da competição dos importados mais baratos. O governo brasileiro já não descarta que o país seja formalmente acionado na instituição.

Em meados de setembro, o Ministério da Fazenda elevou em 30 pontos po rcentuais, até o fim de 2012, a alíquota do IPI para automóveis com menos de 65% das pe­­ças nacionais ou produzidas no Mer­­cosul. Na venda de automóveis importados de mil cilindradas, por exemplo, o tributo passou de 7% para 37%. Em carros mais potentes, chegou a 55%.

Segundo o Itamaraty, os diplomatas brasileiros explicaram aos demais países que o aumento do IPI é temporário e não teve impacto sobre a corrente de comércio nacional. Mesmo assim, já existe uma expectativa de que o questionamento possa se transformar numa ação formal contra o Brasil – pedir explicações sobre uma medida costuma ser o primeiro passo para que ela seja alvo de um processo na OMC.

Segundo fontes do governo, o maior temor dos países é que a atitude do Brasil – nação que tem papel de destaque na OMC – seja seguida por outras economias, provocando uma onda de medidas protecionistas e agravando ainda mais a crise internacional. Isso explicaria a participação do Japão no questionamento, já que as montadoras daquele país não são afetadas pela medida brasileira, pois produzem no Brasil com mais de 65% de peças nacionais ou regionais.

Reação esperada

Caso o aumento do IPI seja alvo de uma ação, ela será apresentada dentro do sistema de solução de controvérsias da OMC. "Há o temor de que, diante da importância do Brasil na OMC, a medida resulte numa reação sistêmica", disse um técnico do governo brasileiro. A contestação era amplamente esperada pelo governo brasileiro, que reconhece, reservadamente, que há margem para a argumentação de que a medida adotada fere o princípio da isonomia tributária entre bens nacionais e es­­trangeiros, prevista na lei brasileira. Também há brechas para discutir se a nova tributação se choca com o Acordo sobre Me­­didas de Investimento Relacio­­nadas ao Comércio (Trims) da OMC.

A cobrança só passará a ser feita em novembro, mas as indústrias que não se enquadrarem nas regras terão de pagar todo o imposto de forma retroativa nesse período. Nas contas da equipe econômica, o impacto mínimo nos preços dos importados será de 25%.

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