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Casa Melhor, em Ponta Grossa, pretende aproveitar a isenção do IPI para se consolidar entre os fabricantes do estado, e já assinou com a rede Mercado­móveis para fornecer produtos | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Casa Melhor, em Ponta Grossa, pretende aproveitar a isenção do IPI para se consolidar entre os fabricantes do estado, e já assinou com a rede Mercado­móveis para fornecer produtos| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Estratégia

Polos produtores de Arapongas e do Sudoeste estão otimistas

O Paraná tem dois Arranjos Produtivos Locais (APL) de móveis: um em Arapongas e outro no Sudoeste. O coordenador do APL de Arapongas, Marcos Aurélio Tudino, está otimista. "O ano começou meio tímido no setor por causa do desconto na linha branca. O período atual é muito bom porque já passaram o carnaval e as grandes feiras do setor", completa. A região de Arapongas tem cerca de 400 fábricas de móveis que geram 13 mil empregos diretos. É a segunda maior produtora do país, perdendo apenas para Bento Gonçalves (RS).

No APL do Sudoeste, que tem perto de 126 empresas que geram 6 mil empregos, a meta é convencer os varejistas a promover campanhas e convencer os consumidores a adquirir móveis mais baratos. "Estamos trabalhando com alguns varejistas para diminuírem a margem de lucro, para que o produto gire lá na ponta e facilite novos negócios", demonstra o coordenador do APL do Sudoeste, Edgar Behne.

Na ponta do lápis

Redes varejistas prometem repassar o desconto ao cliente

Nas redes varejistas paranaenses Gazin e Mercadomóveis, o desconto será repassado na ponta, conforme os diretores dos grupos. O superintendente do Mercadomóveis, Márcio Pauliki, espera um crescimento de 30% nas vendas com a redução. "Vamos começar a divulgação no começo de abril", aponta. O gerente de marketing da Gazin, Edson Oleksyw, também vai repassar a isenção e aposta em crescimento nas vendas. "Todo incentivo gera demanda e isso reflete diretamente no fluxo de pessoas. O mercado ficará ainda mais aquecido nos próximos meses, com toda certeza", considera.

Suzane e Nilson Agner, moradores em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, não sabiam do desconto no preço dos móveis quando conversaram com a reportagem, mas garantem que vão aproveitar o benefício. "Nós compramos uma geladeira recentemente porque estava mais barato; agora, estamos renovando a cozinha. Com o desconto, mais para a frente, poderemos comprar algum móvel", acrescenta Nilson.

A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para móveis dá um novo ânimo no setor moveleiro no Brasil e no Paraná. O consumidor pode ter um desconto de 5% na linha de móveis e isso pode desencadear maior procura – exigindo, consequentemente, maior produção nas fábricas.

A desoneração foi anunciada no fim de março pelo governo federal. A isenção se estende para o setor de laminados. Os papéis de parede terão uma redução de 20% para 10% e o setor produtivo de luminárias e lustres pagará entre 15% e 5% menos. A redução é válida por 90 dias.

A abrangência da desoneração e dos descontos para esses setores é uma resposta às reivindicações dos fabricantes após a isenção concedida para a linha branca. Quem estava em dúvida entre comprar um fogão ou um guarda-roupa, por exemplo, comprava o fogão, que estava mais barato.

Desconto repassado

Mas, para surtir efeito na cadeia produtiva, o desconto precisa ser aplicado pelo setor varejista. "Esperamos que o setor cresça 8% porque, com a isenção, as pessoas tendem a comprar mais móveis", acredita o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Diaz Fernandez. Mas Aurélio Santana, coordenador do Conselho Moveleiro e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), é mais cauteloso. "No ano passado, quando tivemos uma isenção temporária da linha de móveis, a indústria de painéis não repassou o desconto porque alegou que estava com a tabela defasada em relação aos custos de produção", explica.

Para Santana, a própria isenção já é um indicador de que o setor estava passando por um mau momento. Ele analisa que a crise norte-americana de 2008 e a crise européia de 2010 a 2011 desaceleraram a exportação de móveis, fazendo com que o mercado interno absorvesse toda a produção, barateando demais os produtos. Outro fator, segundo ele, é a concorrência com os produtos asiáticos. A possibilidade de a rede sueca Ikea vir para o Brasil pode substituir os produtos da indústria nacional pelos importados dentro do conceito da rede.

Para fábrica iniciante, medida veio em boa hora

Desde o ano passado, a fábrica de móveis Casa Melhor vem tentando ganhar espaço no mercado entre as marcas tradicionais. Instalada em um barracão em Ponta Grossa e com apenas oito funcionários, a fábrica pretende ser o início do polo moveleiro dos Campos Gerais. "Já enviei um projeto à Associação Comercial de Ponta Grossa demonstrando que temos todas as condições para um polo moveleiro; temos a matéria-prima, as indústrias de painéis e a logística", aponta um dos diretores da Casa Melhor, Nelson Canabarro.

O polo ainda não foi consolidado, mas a Casa Melhor já teve a sua primeira conquista: recentemente assinou contrato com o Mercadomóveis, que tem matriz em Ponta Grossa, para o fornecimento de até 3 mil unidades por mês. Os móveis, em material MDF, já estão sendo produzidos.

Para Canabarro, a redução do IPI veio em boa hora. "Com a isenção, a nossa intenção é engrenar o processo de produção e assim gerar emprego e renda na cidade", diz. Hoje, a rede Mercadomóveis se abastece com produtos comprados no Arranjo Produtivo Local (APL) de Arapongas e em Bento Gonçalves (RS). "Temos uma quebra na cadeia produtiva, porque o restante do material é daqui, mas a compra das unidades ocorre fora", completa Canabarro. Com o crescimento dos pedidos, a expectativa dos diretores é expandir a marca para outras redes varejistas.

Para o presidente do sindicato, Luiz Fernando Tedeschi, a isenção será sentida em toda a cadeia produtiva. "Com certeza deve beneficiar, mas ainda não se pode quantificar, pois o impacto abrange toda a cadeia produtiva, ocorrendo um efeito cascata bem significativo, pois a carga tributária é reduzida em toda a sua extensão. A indústria deve perceber isso ao longo dos próximos meses", diz, acrescentando que certamente ocorrerá uma redução do preço para o consumidor final.

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