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Senador Romero Jucá: votação deve ocorrer na semana que vem | Geraldo Magela/Agência Senado
Senador Romero Jucá: votação deve ocorrer na semana que vem| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Taxa Selic

BC dá novo sinal de que juro pode subir

Folhapress

O Banco Central deu novo sinal de que a alta dos juros promovida em outubro foi apenas o início de um novo ciclo de aperto monetário. O diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Hamilton Araújo, afirmou ontem que o BC "não será complacente com a inflação" e, se for necessário, no momento certo, poderá "recalibrar sua ação de política monetária".

Hamilton disse ainda que o BC vai se manter "especialmente vigilante", dado o elevado nível da inflação. Essa expressão é utilizada pela instituição durante processos de aumento de juros. Segundo o diretor, a inflação medida pelo IPCA tende a se aproximar do centro da meta de 4,5% somente em 2016. Nos 12 meses encerrados em outubro, o índice está em 6,59%, acima do teto da meta, que é de 6,5%.

O diretor afirmou ainda que o BC já havia sinalizado que iria elevar os juros antes de anunciar a decisão do final de outubro, quando aumentou a Selic de 11% para 11,25% ao ano, três dias após as eleições. "Antes da reunião de outubro, o Copom havia telegrafado, por assim dizer, que não estava confortável com a inflação e que agiria se necessário fosse, como o fez."

O senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator do projeto de lei do governo que pede alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, não acatou nenhuma das 80 emendas apresentadas pela oposição. Em seu relatório, apresentado ontem à tarde à Comissão Mista de Orçamento, ele faz apenas uma modificação ao texto original enviado pelo Executivo, admitindo a possibilidade de as contas públicas terminarem o ano no vermelho.

"Houve uma mudança de termo, em vez de falar da ‘meta de superávit’ colocamos ‘meta de resultado’, porque, na verdade, ninguém sabe se haverá superávit ou déficit, nós vamos ainda apurar no final do exercício. Para ser tecnicamente mais preciso, fiz esse pequeno ajuste."

Em seu relatório, Jucá justifica que 17 emendas apresentadas buscavam a retirada do dispositivo central do projeto, que permite os abatimentos. As demais propostas tratavam de providências "passíveis de discussão", mas não no contexto do projeto de lei em questão, justificou.

O governo pediu ao Congresso autorização para abater, de forma integral e automática, desonerações tributárias e gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da meta de poupança para pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário.

Com as contas públicas no vermelho, em ano eleitoral, esse projeto de lei foi a brecha encontrada pelo governo para abandonar a meta de superávit primário do ano, de poupar R$ 99 bilhões (1,9% do PIB).

Até setembro, o Tesouro Nacional registrava déficit de R$ 15,4 bilhões, ficando claro que não conseguiria cumprir a meta aprovada da LDO de 2014. Na lei vigente, esse desconto está previsto, mas é limitado a no máximo R$ 67 bilhões da meta original de economia para pagamento de juros.

Oposição resiste

A partir de agora, o texto pode ser discutido e votado pela Comissão Mista de Orçamento, para então ser votado no plenário do Congresso, o que pode acontecer até 22 de dezembro, último dia de trabalhos legislativos do ano.

A oposição trabalha para barrar a aprovação do projeto. Agora que as emendas foram rejeitadas, é possível que peçam vista ao projeto. "A oposição tem todo direito de obstruir, fazer embate político, cobrar posições, cobrar coerência do governo. Acho que o debate político é fundamental, e a oposição tem razão em fazer o debate político", disse Jucá.

Ele defendeu, no entanto, que a obstrução a essa pauta não é positiva ao país.

PMDB declara apoio

Após esboçar uma resistência, a bancada de deputados federais do PMDB decidiu apoiar o projeto que afrouxa o controle de gastos e permite ao governo fechar o ano com as contas no vermelho. O líder da bancada, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que a bancada irá apresentar algumas sugestões ao Palácio do Planalto, mas afirmou que elas não irão interferir na decisão política de apoiar o projeto.

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