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A trajetória da crise |
A trajetória da crise| Foto:

É preciso rapidez para aproveitar tabela antiga

Lidacir Antônio Rigon, presidente da Assovepar – que representa os revendedores de seminovos – sugere que o consumidor aproveite os próximos dez dias se quiser aproveitar os financiamentos da tabela antiga. "As financeiras informaram que, nos próximos dias, deverá haver uma movimentação nesse sentido [aumento de taxas]. Mas não falaram no tamanho da mudança, até porque ainda estão aguardando as definições do mercado lá fora. Imaginamos que haverá um reajuste natural, até porque a Selic [taxa básica de juros] deve subir mais um pouco. A oportunidade para quem quer comprar, trocar ou refinanciar o carro é nos próximos dez dias", diz Rigon. Segundo ele, atualmente as taxas para o financiamento de seminovos na capital oscilam entre 1,55% e 1,97% ao mês.

A regional paranaense da Fenabrave, que representa as concessionárias de carros novos, preferiu não se manifestar sobre o assunto, uma vez que "não foi comunicada oficialmente sobre possível alteração nas taxas." As revendedoras Le Lac, da Peugeot, as lojas do Grupo Servopa e as concessionárias Ford Metropolitana e CCV, da marca Chevrolet, também dizem não ter informações. "[A taxa] deve subir, mas a tabela ainda não foi alterada. Além disso, estamos indo contra o mercado e praticando taxas de 0,99% ao mês", diz o gerente comercial da Metropolitana, Alex Finimundo. (IR e FJ)

O empresário curitibano Pedro Zagonel pode se considerar um sujeito de sorte. Há um mês, depois de oferecer uma generosa entrada de 50%, conseguiu financiar seu utilitário Kia Sportage em 36 vezes sem juros. Mas, nas últimas semanas, a crise norte-americana fez com que bancos, financeiras e concessionárias começassem a rever suas planilhas de juros e prazos de pagamento – e, a partir de agora, quem quiser comprar um carro já não terá tanta facilidade. No início da semana, revendedores foram avisados para que fechassem os contratos pendentes porque em breve as taxas de juros subirão até 25%. Em alguns casos o aumento já veio, e beira os 30%.

De acordo com matéria do jornal "O Estado de S. Paulo", planos que previam taxas de 1,38% ao mês passariam a cobrar até 1,65%, e financiamentos a uma taxa de 1,48% podem subir para cerca de 1,8% ao mês. Embora os prazos de pagamento ainda alcancem 72 meses, é possível que o número máximo de parcelas seja reduzido daqui em diante.

Em Curitiba, algumas concessionárias, como a Toyota Sulpar, já receberam das financeiras tabelas com aumento de até 28% nas taxas. Em compras financiadas pelo banco da Toyota, um reajuste superior a 15% deve chegar a partir da próxima semana, quando as taxas mensais vão subir de 1,45% para 1,70%. "Mesmo com a alta, a taxa de automóvel ainda é a mais barata do mercado", afirma o superintendente da concessionária, Gastão Doring. Ele não descarta uma possível queda das vendas, mas nada que impeça o cumprimento das metas. "Com essa turbulência, é natural que as pessoas esperem um pouco mais para comprar."

Na semana passada, a Copava Veículos, da Volkswagen, elevou os juros em 18% e, segundo a gerente de financiamento e seguros, Eliana Muniz, o cenário econômico deve pressionar também os prazos, que tendem a ficar mais curtos. "Existe essa possibilidade, mas não faremos nada de forma drástica. Se repassarmos tudo para o consumidor final, as vendas podem cair". Eliana conta que, no fim de 2007, os bancos já haviam repassado um aumento nos juros. "Tentamos absorver para não perder clientes, mas as altas são inevitáveis."

Antes de decidir pelo Sportage, o empresário Pedro Zagonel disse ter pesquisado as condições de carros similares e, em alguns casos, as prestações dobravam por causa dos juros. "Foi uma grande sorte conseguir juro zero, o que foi decisivo na compra." Na revendedora em que ele comprou seu automóvel, a Ponto K, a nova tabela já veio com uma pequena alta, da ordem de 2% – o juro mensal subiu de 1,4% para 1,43%. A loja ainda oferece veículos em 36 vezes sem juros, mas, de acordo com o gerente comercial José Martins Filho, essa prática será cada vez mais rara. "Fatalmente as taxas deverão subir, e isso vai mexer com o mercado. Portanto, o consumidor que achar um carro sem juros ou com taxas baixas deve aproveitar para comprar."

Desaceleração

Os dados sobre emplacamentos de veículos no Paraná mostram que, apesar de ainda estarem em alta, as vendas já não avançam na mesma velocidade que há alguns meses. De janeiro a setembro, foram vendidos 170 mil carros no estado, com alta de 17% sobre o mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, o porcentual de aumento chegava próximo à casa de 30%.

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