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Os juros cobrados de consumidores e empresas caíram pelo sexto mês consecutivo e atingiram, em julho, o menor patamar dos últimos sete anos. De acordo com relatório publicado ontem pelo Banco Central (BC), que apresentou dados anteriores à crise dos mercados financeiros, a taxa média do crédito a pessoas físicas recuou de 47,8% para 47% ao ano entre junho e julho. No mesmo período de 2006, o juro era de 54,3%. Para empresas, a taxa atingiu 23%, com queda de 0,7 ponto porcentual no mês e de 5,3 pontos na comparação com julho do ano passado.

A média de todos os empréstimos aponta para juros de 35,9% ao ano, com baixa de 0,8 ponto no mês e de 6,3 pontos no acumulado de 12 meses. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC começou a reduzir a taxa básica de juros (Selic, referência para todos os empréstimos), em setembro de 2005, o juro médio cobrado no país estava acima de 48% ao ano. Embora a maioria dos especialistas considere que é cedo para avaliar os impactos da crise financeira, há indícios de que a turbulência poderá reduzir ou interromper a queda dos juros – até a metade de agosto, as taxas permaneciam no mesmo nível observado no fim de julho, segundo o BC.

O economista Jackson Sandrini, da Universidade Federal do Paraná, acredita que o Copom pode interromper o processo de redução da Selic, o que teria efeito sobre as taxas cobradas por bancos e pelo varejo. Nos últimos dois anos, a taxa caiu 8 pontos porcentuais, para 11,5% ao ano, o que estimulou a expansão do crédito observada nos últimos meses. "O Banco Central pode pisar no freio e aguardar sinais mais claros sobre a crise. Também é possível que os bancos segurem os juros no nível atual, para se precaver de uma piora do cenário."

O boletim semanal Focus, também divulgado ontem pelo BC, mostra que os bancos ainda apostam em queda da Selic. Segundo a pesquisa, o Copom deve reduzir a taxa para 11,25% em setembro e para 10,75% até o fim do ano. Para Másimo Della Justina, professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, as condições macroeconômicas – inflação sob controle e reservas cambiais abundantes – permitem novas reduções na Selic. Mas, segundo ele, o Banco Central pode optar pelo conservadorismo e evitar novos cortes até que o cenário internacional melhore.

Mais otimista, o economista Robson Gonçalves, professor do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (Isae/FGV), considera que os juros cobrados no Brasil só vão sofrer impacto da turbulência dos mercados se houver uma coincidência de fatores. "Se a crise imobiliária americana provocar recessão nos Estados Unidos, isso pode reduzir as exportações brasileiras. Com isso, o dólar subiria no Brasil, com possíveis efeitos sobre a inflação, o que daria margem ao fim dos cortes na Selic."

Gonçalves considera pouco provável que os bancos elevem suas taxas por precaução. "Não há crise de inadimplência no Brasil. Quem aumentar juro, vai perder negócios em um mercado que está em expansão", avalia. A opinião é compartilhada por George Sanders, estrategista de renda variável da gestora de recursos Infinity Asset, de São Paulo. "Os problemas dos Estados Unidos não devem respingar por aqui. O que ocorre lá fora é uma correção que dificilmente ocorreria no Brasil, já que não temos empréstimos do tipo ‘subprime’, que têm alto risco de calote e foram o estopim da crise americana."

Embora a Bovespa tenha completado ontem sete pregões consecutivos de alta, economistas consideram que é cedo para dizer que a crise já passou. "Muitos dados sobre a economia dos Estados Unidos vão sair nas próximas semanas. E caso o banco central americano não reduza os juros, pode piorar o humor dos mercados."

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