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A sede do Banco Central, em Brasília: Selic já está no menor patamar da história.
A sede do Banco Central, em Brasília: Selic já está no menor patamar da história.| Foto: Raphael Ribeiro/BCB

Economistas que acompanham de perto o mercado financeiro estão certos de que o Banco Central vai reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana. Se há poucos dias o corte ainda era apenas uma possibilidade, agora a discussão é de quanto será a redução aplicada pelo BC.

O motivo da mudança é, claro, a pandemia do novo coronavírus. Bancos centrais do mundo todo estão promovendo cortes nos juros para mitigar os efeitos da crise advinda da disseminação da doença, o que pressiona o BC brasileiro a agir na mesma direção. Nos EUA, o Federal Reserve (Fed) reduziu os juros à faixa entre 0% e 0,25%, no segundo corte em menos de duas semanas.

"O caos que se instalou no mercado com o crescimento exponencial no número de casos de COVID-19 no Brasil nos leva a pensar que o BC terá uma política mais agressiva, na tentativa de garantir que a economia vai continuar aquecida", explica Juliana Inhasz, economista e professora do Insper.

A dúvida é se o BC fará um corte mais moderado, de 0,5 ponto percentual, ou se será mais agressivo, com redução de 0,75 ponto na taxa. Alguns economistas falam em corte de até 1 ponto. Hoje, a Selic já está no menor patamar da história, em 4,25%.

Cenário é favorável para corte nos juros

O cenário para uma redução ainda maior na Selic está desenhado por dois motivos. Juros em queda tendem a aumentar a inflação, mas a conjuntura é de preços sob controle – inclusive com a possibilidade de deflação por conta da queda na demanda, em função da pandemia.

Por outro lado, um corte na taxa de juros tende a estimular a valorização do dólar, que já vem em forte alta frente ao real e, na segunda-feira (16), ultrapassou os R$ 5. Mas, na opinião de Thais Zara, economista sênior da LCA Consultores, o efeito sobre o câmbio pode não ser tão significativo.

"Como outros bancos centrais pelo mundo estão tomando medidas semelhantes, o impacto acaba sendo menor. O que tem pesado mais no câmbio são a aversão ao risco e a incerteza do mercado", avalia.

Efeitos da redução na taxa básica de juros são limitados

Se, diante desse cenário, o mercado dá como certa a decisão do BC em cortar a Selic de forma mais agressiva, a efetividade da medida para estimular a economia não é vista com tanta confiança. Juan Jensen, sócio da 4E Consultores, aponta que os efeitos de uma medida como essa são limitados.

"Estamos vivendo dois choques na economia: o de oferta, pelos problemas de produção relacionados à falta de insumos e peças; e o da demanda, pela redução da mobilidade, a queda da renda e o medo da população. O BC tenta suavizar o impacto do lado da demanda", explica Jensen.

"A medida pode ser inócua porque é um estímulo ao consumo, mas as pessoas não estão dispostas a consumir agora. É muito mais uma questão social do que econômica", concorda Juliana Inhasz.

A queda dos juros, assim, é vista como apenas uma das ferramentas para conter a crise – e, por isso, deve vir acompanhada de outras medidas da União, de estados e municípios."É claro que a queda nos juros ajuda, mas é preciso ter um arcabouço que vai além disso. Ontem tivemos o anúncio de algumas medidas fiscais do Conselho Monetário Nacional. São ferramentas que precisam ser entregues na reação às consequências da pandemia", conclui a economista Thais Zara.

"É claro que a queda nos juros ajuda, mas é preciso ter um arcabouço que vai além disso. Ontem tivemos o anúncio de algumas medidas fiscais do Conselho Monetário Nacional. São ferramentas que precisam ser entregues na reação às consequências da pandemia", conclui a economista Thais Zara.

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